ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA REALIZADA COM O OBJETIVO DE DISCUTIR DEMANDAS DOS MORADORES DA GRANDE SANTA ROSA – PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 12-9-2009.

 


Aos doze dias do mês de setembro do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Salão da Paróquia Santa Rosa de Lima, na Avenida Bernardino Oliveira Paim, nº 82, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e dez minutos, o Vereador Sebastião Melo assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos da presente Audiência Pública, destinada a discutir demandas dos moradores da Vila Grande Santa Rosa, conforme requerido pela Associação dos Moradores da Grande Santa Rosa, nos termos do Edital publicado no Diário Oficial de Porto Alegre do dia trinta e um de agosto do corrente (Processo nº 2825/09). Compuseram a Mesa: o Vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Arilton Serafin Cardoso, Presidente da Associação de Moradores da Grande Santa Rosa; o Senhor Paulo Roberto Ardenghi, representando a Secretaria Municipal de Educação – SMED –; o Senhor Maurício Ramos, do Departamento Municipal de Esgotos Pluviais – DEP –; a Senhora Brizabel Rocha, representando a Secretaria Municipal de Saúde; o Senhor Pedro Paulo Ferreira, representando o Centro Administrativo Regional de Porto Alegre – CAR Norte –; os Senhores Jairo Nunes Bezerra e Giovani, representando a Guarda Municipal de Porto Alegre; os Vereadores Paulinho Ruben Berta, Reginaldo Pujol, Mauro Pinheiro e Toni Proença; as Vereadoras Maria Celeste e Fernanda Melchionna; o Senhor Paulo Marques e a Senhora Helena Cristina Borges, Suplentes de Vereador, e a Senhora Aline Maciel Ribeiro, representando o Gabinete da Vereadora Sofia Cavedon. Ainda, durante a presente Audiência Pública, foram registradas as presenças dos Senhores Valter Dalla Rosa e Otacílio, do DEP, e da Senhora Maria Regina de Oliveira Machado. A seguir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante a presente Audiência Pública, informando que, após o pronunciamento do Senhor Arilton Serafin Cardoso, seria concedida a palavra para manifestações dos representantes da comunidade e dos Vereadores inscritos. Em continuidade, foram iniciados os debates para discutir demandas dos moradores da Vila Grande Santa Rosa, tendo o Senhor Presidente concedido a palavra ao Senhor Arilton Serafin Cardoso. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o Senhor Wesley Muller; a Senhora Liane Velho; a Senhora Roseli Marques; a Senhora Maria da Graça; a Senhora Helena Cristina Borges; a Senhora Salete Alminhana; o Senhor Emerson Dutra; o Senhor João Ivan Pogorzelski, do Conselho Municipal de Educação; a Vereadora Fernanda Melchionna; a Senhora Elizângela dos Santos, do Telecentro da Associação de Moradores da Grande Santa Rosa; a Senhora Elvira Centena da Silva, do Clube de Mães da Santa Rosa; a Vereadora Maria Celeste; a Senhora Vitúlia Gonçalves, Presidenta da Associação dos Moradores da Vila Dutra Jardim; a Senhora Glaci Bertelli; a Senhora Ana Luiza Cardozo Carvalho, da Associação de Moradores da Grande Santa Rosa; o Vereador Toni Proença; o Senhor Edgar de Quadros, Vice-Presidente da Associação de Moradores da Grande Santa Rosa; o Vereador Paulinho Ruben Berta; a Senhora Maria de Fátima Cardoso; o Vereador Reginaldo Pujol; a Senhora Maria Augusta Campos da Rosa, Coordenadora da Unidade Básica de Saúde da Ramos; o Vereador Mauro Pinheiro; o Senhor Paulo Marques; a Senhora Brizabel Rocha; a Senhora Ângela Regina Nunes, Gerente Distrital de Saúde da Região Norte – Eixo Baltazar –, e o Senhor Paulo Renato Ardenghi. Na ocasião, a Vereadora Maria Celeste manifestou-se relativamente ao pronunciamento realizado anteriormente pela Senhora Ângela Regina Nunes, solicitando a realização de reunião com representantes do Executivo Municipal para tratar de questões ligadas às Unidades Básicas de Saúde Santa Rosa e Ramos. Também, o Senhor Presidente manifestou-se acerca da presente Audiência Pública. Às dezesseis horas e quarenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Sebastião Melo e secretariados pelo Vereador Toni Proença, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Toni Proença, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada por mim e pelo Senhor 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Estão abertos os trabalhos da presente Audiência Pública. Meus amigos, uma saudação muito especial aos moradores deste grande Bairro que tem grandes Vereadores, começando pela Maria Celeste, que é vizinha de vocês, que foi Presidenta da nossa Casa; Mauro Pinheiro; todos são Vereadores da Cidade, mas esses têm ligações muito fortes com este Bairro. O nosso Rubem Berta, eu chamo o nosso “prefeito” do Rubem Berta, o Ver. Paulinho, aliás, aqui é o bairro Rubem Berta, é Santa Rosa, mas é bairro Rubem Berta, e o Paulinho também tem feito um trabalho muito bom na nossa Câmara, e é cria da Santa Rosa; a Verª Fernanda, esta jovem e promissora Vereadora, a mais jovem de todos nós - eu, a Maria e outros “não cozinhamos mais na primeira fervura” -, o Toni Proença que é uma grande revelação, não para mim que o conheço há 30 anos, mas chega à Câmara e tem contribuído muito; e este eu não sei se ele é da Restinga, não sei se ele é da Santa Rosa, não sei se ele é do Guarujá, não sei se ele é do Rio Grande, que é o nosso Ouvidor, o Pujol, que é o mais antigo de todos nós, aliás, o Dib e o Pujol, mas é sempre uma boa revelação, o seu retorno para a Câmara qualificou enormemente a nossa Câmara Municipal.

Eu quero agradecer, e já foram aqui citados, os representantes dos órgãos do Governo, e eu, sempre, além de mandar correspondência, eu peço à assessoria da presidência que ligue, que insista; o Luiz Afonso tem ajudado muito nisso, porque eu acho que, em respeito a uma comunidade, quando se faz uma Audiência Pública, e é uma forma de a Câmara se aproximar da Cidade, e as cidades e os seus munícipes se aproximarem da Câmara, nós temos um papel, que é o papel fiscalizatório, mediador, e é para isso que nós estamos aqui, e, com certeza, os senhores não sairão daqui com as respostas prontas, mas nós sairemos daqui muito irmanados para dar prosseguimento àquilo que é a sua petição.

Então, esse é o papel da Câmara, a Câmara não está aqui fazer obra, não; ela está aqui para mediar soluções. A nossa Guarda Municipal, eu convido, por gentileza, que nos honre com a presença aqui na Mesa. Depois eu solicito, Luiz, que seja declinado o nome dos nossos representantes da Guarda Municipal.

Eu quero que os senhores, nesta palavra inicial, saibam que esta é uma reunião não terminativa, ela dá continuidade a várias outras reuniões e demandas pelas quais os Vereadores lutam dia a dia lá na Câmara, mas é importante que o Governo Municipal estivesse aqui com os Vereadores, porque a razão maior da Câmara são vocês. Hoje está um dia chuvoso, mas a nossa Cidade tem essa coisa grandiosa, Maria, que, mesmo com chuva torrencial, nós estamos vendo aqui pessoas que saem das suas casas para lutar por aquilo que é mais extraordinário numa sociedade, que é a causa coletiva.

Eu dou por aberta esta reunião, e concedo a palavra ao Presidente, para que o Presidente, em nome de todos vocês, possa se manifestar, e dou por abertas as inscrições. Todos aqueles, sejam entidades da sociedade civil, sejam pessoas que queiram se manifestar, podem procurar a nossa Diretoria Legislativa, que vamos receber as inscrições e vamos conceder a palavra por até cinco minutos para cada um. Os Vereadores podem intervir na hora que entenderem necessário, e depois eu pediria que os órgãos do Governo, especialmente da Saúde, Brizabel, se eu pudesse destacar, de todo o pedido da Audiência, o que eu compreendi, não é que só tenha demandas na Saúde, mas talvez a Saúde se salienta um pouco mais. Eu acho muito importante, Brizabel, que tu, com a sensibilidade de quem já ocupou outras funções, na nossa FASC, uma pessoa muito lincada com a luta social, possas estar aqui para ajudar a encontrar soluções.

Então, está aberta a nossa reunião, estão abertas as inscrições, por gentileza, podem procurar aqui à direita. Passo a palavra ao nosso Presidente para que ele possa fazer a manifestação inicial. (Palmas.)

 

O SR. ARILTON CARDOSO: Obrigado, Sebastião Melo, obrigado aos demais Vereadores pela presença aqui na nossa comunidade, eu diria que nós lutamos muito para que este dia acontecesse, e este dia chegou. Nós assumimos a Associação dos Moradores em 2006, já estamos no segundo mandato, e desde lá, nós viemos com uma grande preocupação a respeito da nossa Saúde, das duas unidades de saúde da região: a UBS/Santa Rosa e a UBS/Ramos. Em 2006, nós tínhamos na UBS/Santa Rosa dois Clínicos Geral, e na UBS/Ramos um Clínico Geral que permanece até hoje. De lá para cá, Sr. Presidente da Câmara, demais presentes e comunidade, o quadro até piorou: hoje nós temos um Clínico Geral. Nós temos hoje na nossa comunidade, pelos dados da Unidade, 21 mil prontuários na UBS/Santa Rosa e quase 15 mil na da Ramos, pelos dados que nos colocaram, que a gente até colocou no ofício. Nós sabemos que há grandes problemas de falta de médicos na Cidade inteira, mas estão nos deixando meio de lado.

Em 2008 - eu tenho aqui o documento, vou-lhe passar depois -, simplesmente nos tiraram a Dra Rejane, que era umas das nossas médicas de clínica geral, aqui. Eu até tenho aqui o ofício da Secretaria da Saúde sobre o afastamento dela. (Lê.): “Venho, por meio deste, esclarecer ao Conselho local e Distrital de Saúde da Região Norte o ocorrido na UBS-Santa Rosa. A Gerência Norte precisou resolver a falta de clínico na UBS da Vila Elizabeth.” Então, lá, em 2008, nos retiraram essa clínica geral, e ficamos somente com o Dr. Gustavo, que está até hoje no nosso posto.

Aos domingos à noite - eu até convido os Vereadores que quiserem passar aqui pela Santa Rosa -, já se forma uma grande fila para conseguir uma ficha para às sete horas da manhã.

Veja bem, Sr. Presidente, eu trabalho em táxi na cidade de Porto Alegre, e faço a seguinte comparação: meu pai tem quase 80 anos. Vejam bem, ele já passou por três pontes de safena; vejam bem se ele teria condições de ficar uma noite toda, em torno de 12 horas, numa fila para conseguir uma ficha. Eu poderia, mas, no outro dia, tenho que trabalhar. Eu trabalho 12 horas no táxi. Quais seriam as condições? Assim como eu, várias pessoas têm que passar por isso, têm que passar a noite toda ali para no outro dia conseguir uma ficha para ser atendido.

Nós temos um outro problema: pela falta de médico, muita gente acaba até vendendo ficha - pela falta do médico.

Há algum tempo, nós chamamos aqui o jornal Diário Gaúcho, chamamos o jornal Zero Hora para que eles fizessem um relato sobre isso. Só que, no outro dia, na Zero Hora, no Diário Gaúcho, eles só colocaram a venda da ficha, porque isso dá Ibope. Sobre a falta do médico, eles não colocaram nenhuma linha no Diário. E o problema da venda da ficha é a falta do médico! Eles colocam que tem alguém vendendo ficha, para, no outro dia, venderem o seu material, os seus jornais, a sua Zero Hora, o seu Diário. É uma das denúncias. E nós não gostaríamos que isso acontecesse. Até paramos de convidá-los para vir aqui, porque nós gostaríamos que eles anunciassem as coisas boas da Santa Rosa; nós gostaríamos que eles anunciassem, por exemplo, que nós temos acupuntura, que funciona aqui e que atende em torno de 500 pessoas por mês; nós temos aqui uma escolinha de futebol – fizemos, na semana passada, um torneio aqui na Santa Rosa, quando compareceram quase 300 crianças; nós temos aqui artesanato; nós temos aqui o teatro, que vocês acabaram de ver. Essas coisas boas é que nós gostaríamos que eles anunciassem na Zero Hora e no Diário. Mas isso não dá ibope! Eles anunciam aquilo que eles vendem. Então, é um dos motivos pelos quais a gente não os convidou mais para vir aqui.

Nós tomamos a liberdade: no dia 5 de maio - eu gostaria que vocês decorassem esta data -, nós tivemos uma assembleia do Orçamento Participativo. Com certeza, o senhor está lembrado. Lá estava o Prefeito da Cidade. E o que nós estamos dizendo hoje, aqui, a Associação dos Moradores colocou para o Prefeito: a situação dos nossos Postos de Saúde. O que aconteceu? O Prefeito nos falou, para quase mil pessoas que lá estavam no Sarandi, que, no dia 8 de maio, nós teríamos mais um clínico geral. Se nós fizermos as contas, do dia 8 de maio até hoje... Eu só não perguntei a ele de que ano, porque em três dias ele iria resolver o problema. Isso não aconteceu! Estamos no dia 12 de setembro, e ainda estamos sem o médico.

Nós recorremos, pela falta do médico, ao Ministério Público, e o Ministério Público sabe disso. Nós, da Associação, temos um conselho gestor, tanto para a Santa Rosa como para a Ramos, que, durante esses três anos, nunca faltou sequer a uma reunião lá na Secretaria, tanto lá como aqui, no local. Eu acho que não é por falta de participação da comunidade que nós não somos atendidos. A comunidade está há três anos lutando para que a gente não tenha mais o problema da fila, principalmente aos domingos à noite.

Repito o convite: convido todos os Vereadores aqui presentes para que deem uma passadinha amanhã à noite no Posto Santa Rosa e olhem aquela fila. As pessoas vão ficar ali até o outro dia pela manhã para conseguir uma ficha, gente! E muitos não conseguem. A última menina ali não conseguiu a ficha. Isso se torna uma coisa normal: 10, 20, 30, 50 pessoas, pessoas de idade não conseguem uma ficha para serem atendidas aqui na nossa comunidade.

Então, nós chamamos a comunidade e fizemos uma assembleia para que isto acontecesse no dia de hoje. Nós convidamos, mandamos um ofício para a Câmara Municipal, convidamos todos os Vereadores para que estivessem presentes, há uns três meses, ali na Escola Ildo Meneghetti, e a única Vereadora que apareceu foi a Fernanda Melchionna; lá, a palavra da Vereadora foi no sentido de que nós marcássemos, conseguíssemos uma Audiência Pública para que os Vereadores pudessem estar presentes aqui. Se algum Vereador estiver assustado, é só verificar que o convite foi feito ao Presidente da Câmara. Eu tenho cópia do ofício; talvez alguns não tenham ficado sabendo, mas eu tenho o ofício do convite para todos os Vereadores. A Verª Fernanda apareceu, nos sugeriu que esta Audiência acontecesse, e hoje é o grande dia. Na verdade, era para ser no dia 8 de agosto; em razão da gripe, ela foi transferida para hoje. E a gente entendeu. Convidamos a comunidade. Estou vendo ali o Seu Paulo, que passou a semana toda convidando a comunidade. Infelizmente, a chuva atrapalhou um pouco. Mas eu acho que quem tem boa vontade está aqui.

O que eu queria dizer, para encerrar, é que a Associação dos Moradores da Santa Rosa, desde 2006, desde quando assumi, vem lutando, sim, por mais médicos para a nossa comunidade. Vem numa luta, junto com a Angélica, com o Edgar, com a Augusta, sem perder nenhuma reunião. Eu acho que está chegando ao fim, a comunidade vai ter que dar um basta nisso! Chega de a nossa comunidade ficar por último, sempre! Chega de a nossa comunidade ser boazinha e aceitar que a nossa Dra Rejane fosse lá para a Elizabeth. Como eu falei antes, no nosso posto Santa Rosa, nós tínhamos dois clínicos gerais; hoje, nós temos um só, porque nós somos bonzinhos, talvez, aceitando isso, aceitando calados. Por quê? Porque fomos, talvez, solidários com a Elizabeth, enquanto que a nossa comunidade precisa de mais clínicos gerais.

Sr. Presidente, eu gostaria de passar às suas mãos um ofício sobre o que eu acabei de falar. Tenho aqui outro ofício, com data de 29 de agosto de 2006, quando nós já pedíamos mais um clínico geral. Aqui está a comunicação de afastamento da Dra Rejane. Ela foi afastada, e a comunidade só ficou sabendo depois. São coisas que foram acontecendo, e nós ficamos calados. Eu acho que não dá mais para nós ficarmos calados.

Desde já, eu agradeço a todos pela presença. A gente sabe que os resultados não acontecem de um dia para o outro, mas nós já estamos há um bom tempo lutando. Nesta semana, nós já tivemos emendas do Plurianual; a comunidade se reuniu para que isso acontecesse. Dentro das Diretrizes Orçamentárias para o ano que vem, nós também temos 80 mil reais que nós colocamos. E eu peço a sua compreensão para que isso seja aprovado. A comunidade não está parada, a comunidade está unida para que essas coisas aconteçam. O que nós não podemos aceitar é que as filas continuem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu convido o Ver. Paulo Marques para estar conosco aqui na bancada de trabalho. Ver. Emerson, por favor, venha para cá, também. O Sr. Pedro Paulo Ferreira, representante do CAR-Norte, Eixo Baltazar, está na Mesa conosco; também, o representante da SMED, Sr. Paulo Roberto Ardenghi; o Sr. Maurício Ramos, do DEP; o Sr. Jairo Nunes Bezerra; e o Sr. Giovani, da nossa querida Guarda Municipal.

Presidente, agradeço pela sua fala, e quero dizer o seguinte: não vamos polemizar este assunto, mas nós temos muita diligência. Eu confesso que não me lembro de ter recebido o convite, mas os Vereadores, quando não estão presentes num local é porque a Cidade tem um milhão e meio de habitantes. Eu conheço todos os Vereadores da Cidade e sei que podem ter qualquer outro defeito menos o de serem preguiçosos, porque preguiçoso não chega à Câmara. Trabalham muito, dentro do Plenário, nas Comissões e fora. Portanto, aqui tem um conjunto de Vereadores e, com certeza, as suas reivindicações, que são em nome da comunidade, terão muito eco.

O Sr. Wesley Muller está com a palavra.

 

O SR. WESLEY MULLER: Boa-tarde a todos, eu acho que a maioria aqui me conhece. Hoje eu vou falar como representante da comunidade, também. Todos sabem que eu trabalho com a Verª Maria Celeste, mas eu sou morador, nasci e me criei aqui na Santa Rosa e na Dutra Jardim.

O problema da Saúde é grande mesmo, como relata o nosso Presidente. Mas não é só o caso da Saúde, eu queria falar um pouco mais também sobre o nosso saneamento básico aqui. A Vila Ramos - se alguém caminhar lá hoje vê - está sempre alagada em dias de chuva. A Argentina Flores e a Donário Braga, também - chove e sempre são alagadas. Já fizemos várias intervenções lá.

A questão do ônibus: o diretão 72, quando chega aqui em cima, está sempre lotado. O diretão está sempre lotado, porque tiraram o fim da linha daqui, levaram lá para baixo; tiraram o fim da linha da Agostinho, levaram lá para baixo também; então, a Santa Rosa já não tem mais ônibus; no nome, é Santa Rosa, mas não funciona, não é da Santa Rosa.

Na questão da Saúde, o posto é precário mesmo; a Vila Ramos não tem médico atendendo; medicação não tem dentro dos postos de saúde, Sebastião; não tem o mínimo de medicação lá dentro. O posto da Santo Agostinho está há 15 dias fechado, sem atendimento - não sei se alguém mais sabia.

E mais a questão aquela: nós estamos aqui dentro desta comunidade lutando enquanto lideranças há muitos anos; então, não é de uma hora para outra que a gente chega e cai de paraquedas; a gente tem muita luta aqui dentro, a gente tem trabalho aqui; o que a gente não tem é o poder de resolver as coisas, a gente não tem a caneta na mão. Eu gostaria de ser um Secretário, eu gostaria de ser um assessor da Prefeitura, gostaria de trabalhar numa Secretaria; a gente não tem o poder, mas faz o possível para levar as demandas da comunidade para a Câmara de Vereadores, para a Prefeitura; enfim, a nossa briga é intensa; eu não vivo a minha vida, a bem dizer, em casa: vivo a minha vida 24 horas pela Santa Rosa, pelo bairro Rubem Berta.

Pessoal, obrigado pela presença de vocês hoje, aqui, mas vamos dar valor para aquelas pessoas que lutam pela gente, não para as que chegam, tomam conta da história, acabam falando mal da gente que está todos os dias lutando por aí. Eu fico meio indignado com algumas palavras que falam, pois quem vê pensa que a gente está aqui só com uma porta aberta, só para ficar lendo jornal lá dentro, mas não; lá dentro, que eu digo, é um escritório que a gente tem aberto há oito anos aqui; a porta está sempre aberta, sempre recebendo reclamações e sempre encaminhando. Poder nós não temos para resolver, mas força de vontade a gente tem bastante - o Paulinho Rubem Berta me conhece lá de perto da casa dele -, mas falta o apoio da comunidade. Em 2007, houve Audiência na Câmara de Vereadores para tratar da Saúde, o Presidente da Associação sabe muito bem: foram quatro pessoas somente aqui da Vila nessa Audiência com a Presidência da Câmara. Então, falta o pessoal se mobilizar e se agarrar com a gente. É a Maria Celeste, é a Fernanda Melchionna, é o Mauro Pinheiro, é o Paulinho Ruben Berta - todos são moradores aqui do bairro e todos precisam do apoio da comunidade para poder dar conta das demandas e cobrar do Prefeito com maior eficácia.

Quero somente deixar registrado isso, pessoal. A luta está sempre em dia, estamos todos os dias na luta, e vamos dar um jeito. Eu quero que a Prefeitura dê um jeito na situação da Santa Rosa.

A senhora representa a Secretaria da Saúde, então olhe com carinho para cá, porque a gente não tem nada. A Dutra Jardim não tem posto de saúde nem PSF, então acaba tudo acumulando aqui na Santa Rosa, na Vila Ramos ou num PSF pequeninho que tem no Jenor Jarros.

Então, vamos cuidar da gente, pois a gente precisa. E ônibus também; eu faço campanha a favor da volta do fim da linha aqui para a Santa Rosa. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Quero convidar a Verª Helena Cristina para também compor a nossa Mesa de trabalho, e convidar as jovens que estão lá no fundo para tomarem assento e participarem da reunião. Peço a compreensão de que não haja conversas paralelas para contribuir com os trabalhos.

Com a palavra a Sra Liane Velho, catequista e membro da comunidade.

 

A SRA. LIANE VELHO: Eu estou aqui como uma dona de casa, uma pessoa simples, uma paciente, uma usuária do posto de saúde. Eu sou uma estudante e vim desabafar um pouquinho, rapidamente, pois temos esse direito.

Para começar, acho que a Santa Rosa é discriminada. Eu quero deixar duas perguntas: será que o nosso dinheiro na Santa Rosa é diferente do da Zona Sul, do das zonas nobres? Será que o voto da nossa comunidade é diferente do da Zona Sul, do Centro? Porque tudo de ruim acontece na nossa Santa Rosa. É o policiamento, é falta de médico, tudo acontece conosco; os ônibus são precários.

Nós votamos, nós pagamos impostos, nós geramos impostos ao Governo. Eu sou uma estudante, também, e, nesta semana, tive um 38 apontado para a minha cabeça e entreguei o meu carro na volta da faculdade. A segurança também é precária. Não foi aqui, foi na Manoel Elias; então, é mais um desabafo.

O posto de saúde da nossa Ramos... A gente tem receita contínua, e não temos mais este direito. Eu fui a um médico particular e disse que toda a minha história estava no SUS, porque são receitas contínuas; é difícil de conseguir até receitas dessa maneira. Tem uma senhora apoiando.

Eu quero dizer uma outra coisinha: quando o Fogaça foi candidato, eu tinha certeza de que teríamos uma ótima Saúde, certeza absoluta, 99,9%. Foi a maior decepção da minha vida! Fiz campanha, fiz de tudo, e virou este caos em que estamos. Nós não temos direito; se chegamos ao Conceição, tem que passar pelo posto; se chegamos ao posto, não tem médico; então, viramos um joguete. Eu estou representando vocês nas nossas dificuldades, e eu acho isso muito triste. No ano que vem tem eleição. Talvez venha algum nos ver, porque precisa do voto. Nós temos a nossa Vereadora, é ótima a nossa Vereadora, nós a apoiamos, e eu acho que democracia é isso aí. Mas nós temos que pensar, a nossa comunidade tem que pensar: isto aqui hoje tinha que estar cheio, estar “saindo pelo ladrão” de tanta gente, porque todo o mundo está passando por dificuldades nessas áreas. Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a presença da representante da Secretaria Municipal da Coordenação Política e Governança Local, Sra Maria Regina de Oliveira Machado. Seja bem-vinda. E, também, do Valter Dalla Rosa, junto com o Otalício, que representam o nosso Departamento de Esgotos - DEP.

A Sra Roseli Marques está com a palavra. O próximo inscrito será o representante da Associação dos Moradores da Santa Rosa e, depois, a Dona Maria da Graça.

 

A SRA. ROSELI MARQUES: Bom, gente, só para relatar um fato que aconteceu, na semana passada, com a minha mãe; ela estava botando muito sangue pelo nariz e precisou do Posto de Saúde; ela teve de ir dois dias ao Posto de Saúde até que falaram para ela que não tinha clínico, que o clínico era emprestado de outro Posto e que tinha que ver o dia em que ele estaria disponível. E era um caso de urgência, porque ela estava botando muito sangue pelo nariz. Tiveram que mandá-la para o Hospital Conceição, para tomar uma medicação urgente, porque ela estava com a diabete muito alta. É o cúmulo a gente ter um Posto de Saúde do nosso lado e ter, às vezes, que se deslocar, sem dinheiro, lá para o Conceição para saber que aqui não tem médico. É revoltante, gente. (Manifestação fora do microfone. Inaudível.) O Ramos. Posto Ramos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Obrigado, Roseli.

A Maria da Graça está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA: Boa-tarde a todos; boa-tarde, Presidente. Gente, todos aqui me conhecem, eu sou Presidenta da 14 de Novembro e também sou paciente dos nossos Postos aqui, principalmente do PS da Santa Rosa. E sou uma testemunha, eu tenho a pressão muito alta; cheguei ao Posto de Saúde - não sei o que estava acontecendo comigo -, e me mandaram para o Conceição. O Conceição me mandou de volta para o meu Posto, e eu voltei para o Posto, mas não fui atendida. Aí, me disseram que eu tinha que tomar a minha medicação. E assim é geral, é com todos. Para eu conseguir uma ficha no Posto, eu tenho que pagar R$ 15,00, para poder consultar, senão não consulto. Faz três meses que eu não consigo consultar - três meses!

E não sou só eu, isso é geral, é dentro da Santa Rosa; o companheiro colocou o saneamento básico; ele colocou muitas coisas com que eu concordo. Mas eu acho que, dentro da nossa comunidade, dentro da Santa Rosa, da Vila Gleba, da Vila Ramos, a principal prioridade nossa... Nós estamos morrendo sem o nosso posto de saúde! Não funciona de maneira alguma! Concordo, concordo, sim, a Vila Ramos está debaixo d’água; na Vila Gleba, é uma tristeza quando chove; é água; nos ônibus, até parece que vai entrar essa água para dentro. De segurança nós precisamos também.

Mas, gente, Secretária, é um socorro que eu estou lhe pedindo: nós estamos morrendo! Ontem, começou a me adormecer a boca, como quando se faz uma anestesia para tirar um dente; e eu fui ao Conceição, mas não me atenderam; eu ainda estou com a boca dormente, e não me atenderam, porque tenho que passar pelo meu Posto de Saúde! Mas cadê o meu Posto de Saúde?! Ele não funciona! E aí querem R$15,00?! Olha, vou ser bem sincera para vocês, gente, eu não tenho vergonha de dizer: eu paguei um drogado para tirar ficha para mim; mas eu disse a ele: “Só te dou o dinheiro depois”, porque pensei: crack. A gente faz aquela campanha, mas eu fui obrigada. Isso há uns quatro meses, porque faz três meses que eu não consigo consultar. E não é só a Mariazinha, eu não estou falando só por mim: estou falando nos meus idosos da minha Vilinha, que não conseguem. Aconteceu uma coisa na minha Vila: a Eliane morreu, e depois saiu a ficha dela para o médico. Elas andavam na comunidade atrás da Eliane, e eu disse a elas: “Olha, sinto muito, vão encontrar ela agora no cemitério da Alvorada”. E foi uma reação cardíaca, ela morreu dentro de casa. Ela não conseguiu ficha, morreu!

Então, Secretária, Vereadores, Presidente, Verª Maria Celeste, a todos eu peço socorro. Socorro pela Saúde! Porque a vontade, às vezes - até comentei com algumas pessoas - é de trancar o Posto, ser bem revolucionária: trancar o Posto e não deixar ninguém entrar, nenhum funcionário lá, para chamar atenção... (Palmas.) Mas não podem ir ali e dizer para nós: “Não, isso vai ser resolvido em tantos dias”. É mentira. Então, eu estou revoltada em nome da minha pessoa, Maria da Graça, sou uma paciente; não sei se não vou morrer, porque o Conceição é um pingue-pongue. Obrigada por tudo. (Manifestação fora do microfone. Inaudível.) É drogado, não vou citar, não. São R$15 para aquele cara ir para lá, no caso, às quatro horas da tarde de domingo; e aí ele fica lá para conseguir uma ficha. São R$15. E agora eu não estou nem conseguindo isso. Obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Helena Cristina Borges está com a palavra.

 

A SRA. HELENA CRISTINA BORGES: Boa-tarde à Mesa, boa-tarde a todos e a todas. Não vou fazer elogios nem homenagens, porque o dia aqui é de reclamar mesmo, não é de fazer homenagem. Mas quero dizer que fico muito contente em ver a Câmara de Vereadores em peso numa mesa, discutindo junto com a comunidade. Nós precisávamos disso há muito tempo.

Eu me inscrevi aqui como Presidenta da Associação de Moradores da Vila IPE-São Borja, então, eu não venho só em nome da Vereadora, mas em nome da Vila IPE-São Borja, que também é uma comunidade vizinha, que está trazendo solidariedade a essa comunidade nessa questão da Saúde.

A Vila IPE-São Borja também acabou de ficar só com um médico para atender mais de mil famílias, isso quer dizer mais de cinco mil pessoas.

Há quatro anos já se discutia a Saúde, a mesma coisa que hoje aqui se está discutindo, quando, lá no Clube Comercial Sarandi, houve uma reunião. Naquela época, o Secretário de Governança era o Cézar Busatto. O Pingo, um líder comunitário antigo que esteve por muitos anos na luta, dizia assim: “Faz três anos que estou esperando uma consulta médica, vou morrer e não vou consultar”. Pois ele morreu e não consultou. Então, isso, gente, não é de hoje que acontece. Até quando nós vamos ficar brigando pelos nossos direitos? Acho que falta fiscalização, porque direito está Constituição, está na Lei. O que mais se tem é direito. O que acontece que nós não conseguimos fazer os nossos direitos valerem? Será que é preciso uma revolução? Será que é preciso uma guerra, gente? O que há com a Saúde? O que há com os governantes, que não conseguem botar em prática o que nós temos direito, um mínimo que é a Saúde? Tem cabimento dormir em uma fila para a gente conseguir uma consulta? Tem cabimento uma mãe ter que ir ao Hospital Conceição a pé porque não tem uma passagem, gente? Mas o que é isso, o que impede? Estamos de mãos amarradas, ninguém consegue fazer nada?

Também acontece outra coisa: Porto Alegre dá Saúde para todas as cidades vizinhas, e nós ficamos sem. Tem que dividir com o Estado, o Município tem que fazer essa divisão com o Estado; a despesa não pode ficar só em cima do Município. Mas isso não é a comunidade que decide, quem tem que trabalhar em cima disso são os Parlamentares, que são os representantes das comunidades. E a comunidade faz muito bem, tinha que ter mais gente aqui, tem que botar mais gente, tem que brigar pelos direitos. Infelizmente, neste País, nesta Cidade, em qualquer lugar deste País, tu só consegues o teu direito valer a pena, tu só consegues o teu direito valer, se tu fores lá, se tu bateres, se tu brigares, porque, na boa, não sai do papel. Eu quero dizer que nós estamos aqui, a Vila IPE-São Borja e, como Vereadora, trazendo solidariedade; se nós tivermos que brigar juntos, vamos brigar juntos, porque é um direito de todos. Se for preciso brigar por esse direito, então, nós vamos brigar. Muito obrigada pela oportunidade. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Sra Salete está com a palavra.

 

A SRA. SALETE ALMINHANA: Boa-tarde, Sr. Presidente, em seu nome saúdo os demais componentes da Mesa; boa-tarde a todos e a todas.

Hoje estou aqui representando o Conselho Tutelar da Microrregião 10, mas não estou só como representante do Conselho Tutelar, mas como representante da comunidade, porque a gente vivencia dia a dia no Conselho Tutelar as suas dificuldades, especialmente das crianças e dos adolescentes, porque é o público que a gente atende. As dificuldades da Saúde batem diariamente à nossa porta, pela questão que, em muitas vezes, como ocorreu nestes dias, uma moradora da Vila Santa Rosa, Vila Ramos, estava com uma adolescente precisando de médico - adolescente portadora de necessidades especiais -, e ela não conseguia ir para a fila de madrugada, porque ela não poderia deixar a adolescente sozinha, porque ela necessita de cuidados especiais, e não tinha dinheiro para pagar alguém para ficar na fila. Então, ela buscou a ajuda no Conselho Tutelar, e aí nós temos que requisitar o serviço; aí, requisitando o serviço, se tem o atendimento - algumas vezes, nem sempre.

A Saúde está um caos na cidade de Porto Alegre, porque nós não atendemos só a região da Vila Santa Rosa: nós atendemos a Região Nordeste, onde a gente atende a Chácara da Fumaça, a Timbaúva, todas essas vilas. E eu acho que é um descaso, sim, do Poder Público, porque nós temos os nossos direitos assegurados na Constituição Federal, assim como no Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura os direitos dessas crianças e adolescentes, assim como nós temos o Estatuto do Idoso. Só que será que essa lei está realmente sendo efetiva? A lei está no papel, mas ela não está sendo cumprida. E não está sendo cumprida por quem? Pelo Poder Público! Nós temos muitos e muitos adolescentes e crianças usuários de crack, e eles precisam do quê? Do serviço da Saúde. E aí, o que ocorre? O Conselho Tutelar consegue internar essa criança ou esse adolescente por 15 dias. E vocês acham que em 15 dias alguém que é usuário de crack consegue se desvencilhar das drogas? Não consegue. Uma vez eram 30 e já não se conseguia, foi diminuindo para 20 dias e hoje, pasmem, nós temos 15 dias de internação e depois colocam a pessoa para a rua novamente. E o que acontece com essa criança ou esse adolescente? Ele retorna para as ruas e retorna para a drogadição. E o que acontece com o dinheiro público, como o nosso dinheiro? Ele é rasgado, porque não adiantam só 15 dias de internação; a Prefeitura de Porto Alegre sabe disso. Nós, conselheiros tutelares que assumimos no início do ano de 2008, estamos desde aquele momento tentando falar com o Secretário da Saúde, mas o Secretário não nos atende; ele mandou alguém do Jurídico para falar com a coordenação dos Conselhos Tutelares, para quê? Eles entendem muito bem de lei e defendem muito bem os interesses da Prefeitura, não os interesses da população, e eles não conseguem efetivar nada e nem se comprometer com nada. Foi uma choradeira imensa, parecia que eles eram os usuários do SUS, que eles dependiam do Sistema Único de Saúde, que dependiam dos postos de saúde. Aqui, na Santa Rosa, a gente sabe: no início deste ano nem verificar a pressão os usuários conseguiam.

Gente, nós temos que pressionar, sim, o Poder Público, porque está vindo a Vila Dique, que vai usufruir também desse serviço, ela necessita também da Saúde, o posto de saúde ainda não está construído, e eles vão estar disputando as mesmas vagas daqui, porque eles também são seres humanos, também têm os mesmos direitos que nós.

Nós também temos deficiência na área da Educação, estamos apontando no Ministério Público, estamos, sim, preocupados, estamos nas Audiências Públicas defendendo os interesses da população como conselheiros tutelares e como cidadãos, porque achamos que esse é o caminho e nós temos que debater, sim. Aqui a gente sabe que há vagas no Ensino Fundamental e faltam vagas na Educação Infantil. Quantas mães batem, por dia, no Conselho Tutelar pedindo vaga e não conseguimos vagas na Educação Infantil, muitas vezes, nem no Ensino Fundamental? Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Convido o nosso Ver. Emerson Dutra, que se inscreveu como representante dos rodoviários de Porto Alegre, portanto, fala em dupla representação.

 

O SR. EMERSON DUTRA: Boa-tarde, primeiro quero pedir uma salva de palmas para vocês que estão aqui com toda essa chuva, pessoal, vocês são lutadores, vocês merecem uma salva de palmas. (Palmas.)

Gente, eu me apresentei como do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, porque eu sou motorista da região, trabalho no Fátima e muito carreguei vocês no São Borja e no Santa Rosa. Ainda não me acostumei com essa ideia de ser Vereador, mas sou Vereador, já tive a oportunidade, algumas vezes, até de protocolar Projetos na Câmara de Vereadores. Mas eu não quero falar sobre mim, quero falar com vocês, aqui, nesta tarde, sobre o descaso desses governos, gente! Entra governo, sai governo e a gente está sempre aqui mobilizado. A minha comunidade, Jardim dos Coqueiros, onde eu moro, teve que ir duas vezes à Câmara de Vereadores para trazer um médico de volta, e nós tivemos que ir representar com muita luta, com muita vontade; a mesma coisa que vocês estão fazendo hoje, reivindicando o ônibus, a saúde e melhores condições de vida. Eu quero dizer para vocês, gente, nesta tarde, que sem mobilização a gente não vai conseguir nada.

Eu quero fazer uma saudação para esses Vereadores que estão aqui, tem pessoas lutadoras aqui, eu já participei de algumas audiências, e eles tentam sempre fazer o melhor para o povo. Só que acontece o seguinte, gente: hoje, o sistema não deixa fazer coisas melhores para o povo; hoje, o nosso sistema é fechado, para conseguir água tem que ter Audiência Pública, para conseguir médico tem que ter Audiência Pública. Nós temos que ter uma política social liberal que realmente faça a vontade da classe trabalhadora, porque hoje o que a gente vê é só boa vontade, enquanto tiver essa política de cargos de confiança, inchaço nos governos, não sobra dinheiro para a educação, não sobra dinheiro para o transporte, não sobra dinheiro para a saúde, não sobra dinheiro para nada, gente!

Então, como a Mariazinha falou, se tiver que revolucionar, vamos nos juntar, entrar dentro de um ônibus, vamos cobrar do Prefeito, cobrar de quem seja, o que não dá é para a gente ficar nessa situação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. João Ivan, do Conselho Municipal de Educação, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO IVAN POGORZELSKI: Cumprimento o Presidente da Câmara Ver. Sebastião Melo, cumprimento os demais Vereadores e autoridades; me coloquei como Conselheiro Municipal da Educação, sou representante na Comissão de Educação Infantil, mas, primeiramente, sou morador da Santa Rosa há 32 anos. Não paro de ver e ouvir, todos os dias, essa reclamação em relação à saúde, o pessoal esperando na fila de madrugada, sofrendo. Aí eu respondo à Liane – acho que ela acabou de sair – por que isso acontece. Lembro-me que, na última eleição, nunca vi tanta gente na volta das escolas, porque muitas pessoas venderam seu voto. Então, é por isso que a Saúde está assim, que a Educação está assim, que todas as outras situações estão assim: porque venderam seu voto, porque não exerceram, em nenhum momento, a cidadania – e têm esse direito. Muitos talvez estejam aqui hoje para fazer a política da desgraça, aproveitar que a Saúde está uma desgraça e tirar vantagem disso. Mas acho que não pode ser assim, se alguém chegou assim, pode sair daqui pensando diferente. Eu acho que a gente tem que aproveitar este momento para reconstruir, para começar de novo. Chamar a Prefeitura, nós, representantes aqui, independente de quem nós votamos na última eleição, mas fazer essa chamada. A Grande Santa Rosa não é grande, ela é muito pequena, porque nós somos assim, nós nos vendemos, nós não pensamos no futuro, não pensamos que, nos próximos quatro anos, eles não vão voltar aqui ou até mesmo vão se cansar de lutar, porque a gente não pode cansar.

Vou falar agora da Educação Infantil, que é o que eu represento no Conselho, principalmente a política de atendimento para as creches conveniadas e para as EMEIs de Porto Alegre. A gente sempre fala na rede de atendimento, que é uma luta de todo mundo, seja no Conselho Tutelar, seja em outro ambiente. As escolas de Educação Infantil, sejam creches conveniadas, como as EMEIs, não têm uma política de atendimento da Saúde. Principalmente, não há vagas suficientes para Educação Infantil, porque nós não pensamos como Educação Infantil, não sabemos o que é isso. Só procuramos a Educação Infantil porque a gente precisa de uma lugar para botar uma criança, e Educação Infantil é mais do que isso.

Então, solicito aos nossos representantes que estão aqui hoje, e os parabenizo, que busquemos isso, um olhar diferente para as creches conveniadas com o Município ou para as EMEIs, que são da rede municipal, que têm um atendimento com isso, seja na questão nutricional, um apoio, seja na pesagem, porque alimento ali dentro tem que ter. Então, aquelas que já estão dentro da Educação Infantil podem ser acolhidas, mas esse olhar também para quem não está; que a gente possa pensar em Educação Infantil além, porque quem pensa na saúde isolada de tudo, não sabe o que é saúde. Saúde, como o Wesley falou, é saneamento, necessidade de educação, rever conceitos, e que a gente possa fazer isso mais seguido, que não seja mérito de ninguém aqui, que seja uma luta de todos. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Passo a palavra à Verª Fernanda Melchionna.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde a todos e todas; queria, em primeiro lugar, fazer uma saudação a todos vocês, que, mesmo diante do ”mundo caindo” no dia de hoje, vieram à Audiência Pública exercer o seu direito.

Eu ouvi atentamente as falas da comunidade aqui, hoje, na Audiência Pública, e naquela assembleia que o Wesley e outros tantos estavam participando para debater o problema da Grande Santa Rosa, e eu queria dizer que vocês estão fazendo a sua parte. Eu sou Vereadora desde janeiro deste ano, e a comunidade tem dado um show, um baile, um exemplo para a cidade de Porto Alegre, da luta sistemática, através da Associação, através da juventude, do Giovani, da pessoa que está lá com seus cartazinhos reivindicando médico, medicamento, dizendo que basta de fila, usando todos os espaços possíveis para dialogar com a Prefeitura e conquistar não um pedido, não uma posição de mendicância da comunidade, mas um direito, como bem lembrou a Helena Cristina, que é o direito à saúde, o direito a ser atendido.

A comunidade que fez a sua assembleia - e eu queria entrar em outros temas que chocaram os que participaram da assembleia, como a falta de respeito dos governantes com o Bairro de vocês – fez um ofício, procurou o Ministério Público. Na Câmara Municipal, a Associação foi uma das únicas que protagonizou uma emenda popular reivindicando recurso para que tenha outro médico na Unidade Básica de Saúde Santa Rosa e no Ramos, agora, na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Só que, quem não está respondendo neste momento é a Prefeitura! A comunidade está reivindicando, fez seus abaixo-assinados, e talvez nós tenhamos que fazer mais. O que não é possível, Sr. Presidente, porque muitas vezes dizem que não tem dinheiro para contratar outro médico. Como não tem dinheiro, se em 2007 a Prefeitura gastou 30 milhões de reais em cargos de confiança, com aqueles “amigos do rei”, os indicados e alguns que precisam, e menos de oito milhões de reais para a Saúde? Como que não tem dinheiro, se no planejamento da Prefeitura serão 55 milhões de reais para ser gastos na publicidade, aquelas propagandinhas que vão lá na Zero Hora, no Correio do Povo, na RBSTV, e para Saúde não há nem um terço desse recurso? Como não tem dinheiro, se volta e meia aparece um Projeto como nós votamos lá, aumentando os CCs no Município, atacando as folhas de pagamento dos municipários da Cidade? E, ao mesmo tempo, para responder as necessidades do povo, não tem dinheiro!

Na hora da eleição, é muito fácil dizer que vai resolver os problema da Saúde, que não sei o quê, etc. Mas o que a gente vê depois é que muitos abandonam o que prometeram para as comunidades, e a gente só consegue conquistar quando faz lembrar. E nós, Vereadores, temos o dever de fiscalizar o Executivo e cobrar, e a comunidade junto, reivindicando seus direitos. Porque não é possível, gente, que estejamos no meio de um surto de gripe A, que está diminuindo agora, mas todo mundo estava aterrorizado com a tal gripe nova que chegou. Aqui no Bairro, nós sabemos que tem um setor grande da juventude que, infelizmente, está no colo do narcotráfico e do crack, porque falta perspectiva para a juventude, porque não tem política de educação continuada para os jovens, porque falta emprego para a nossa turma de 16 a 24 anos, às vezes, só a droga aparece... Não é possível que a mãe da Roseli pudesse ter perdido a vida - diabetes é uma coisa muito séria -, e ela não teve atendimento aqui no Posto, teve que ir até o Grupo Hospitalar Conceição - com que recurso, nós não sabemos. Ou mesmo que uma comunidade do tamanho da de vocês tenha uma só viatura policial para fazer a ronda e a segurança, que foi uma das coisas que apareceu lá na Assembleia e que de fato choca os que estão de fora. Cinquenta mil pessoas que dependem de uma viatura para cobrir toda a região, e com todos os problemas que nós sabemos - de violência, de assalto - que estão tomando conta da nossa sociedade.

Não é possível também que a gente não fale do problema do transporte, que além do alto preço, abusivo, há o problema de andar como sardinha enlatada. Eu vi a Carta Aberta pedindo que haja o D72 direto aos sábados. É uma reivindicação importante, e eu acho uma pena que a EPTC não esteja aqui - o Secretário costuma não participar das Audiências Públicas para ouvir o povo. É uma pena mesmo, porque é um dos maiores problemas de Porto Alegre o problema dos transportes, daqueles que ficam 40 minutos na fila esperando pelo ônibus e voltam do trabalho que nem sardinha enlatada. E, ao mesmo tempo, o custo do transporte de Porto Alegre é um dos mais caros do Brasil! É inadmissível que a gente aceite isso calado, e quero dizer que nós, como Vereadores, temos obrigação de estar ao lado da comunidade lutando ombro a ombro pelos seus direitos e fazendo o nosso dever, que é o de fiscalizar. Agora, nós sabíamos que esta Audiência Pública seria para ouvir a comunidade, nós sabemos de tudo isso. A Brizabel, está representando o Secretário Municipal de Saúde, que parece biônico, porque também não participa das atividades para ouvir a comunidade. Mas é fundamental que a resposta seja urgente, pois é um problema de vida, de saúde de uma comunidade inteira que está no mínimo, há quatro anos, lutando por um direito da comunidade. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Prosseguimos e vamos intercalando a fala dos Vereadores. Quero dizer que nós temos reiterado os convites a todas as Secretarias do Governo, e que a EPTC muito pouco participa das Audiências Públicas, isso é verdade.

A Sra Elizângela dos Santos, do Telecentro da Associação de Moradores da Vila Santa Rosa, está com a palavra.

 

A SRA. ELIZÂNGELA DOS SANTOS: Boa-tarde, eu sou a Presidente da Associação. Boa-tarde a todos os presentes. Eu, como filha de uma senhora de 68 anos, tia de uma criança de 8 anos, sei muito bem como é esse drama. Peço um fim desse drama de ver a tua mãe numa fila, todas as noites, para pegar uma ficha. Certa noite minha mãe estava na fila e presenciou um tiroteio. Então a fila se desfez, todo mundo se escondeu. Só que, quando foi se fazer a fila de novo, começou aquela discussão por causa da questão do tiroteio. A questão foi falta de segurança, o perigo que se corre não só por passar uma noite com frio, por perder uma noite de sono, mas o risco de morte, na verdade, não risco de vida, porque a pessoa fica ali à noite esperando por uma ficha.

Bom, a gente está na Semana Farroupilha, não é? Digamos que o nosso lema é liberdade, igualdade e humanidade. Eu acho que esse lema não tem que ficar só na bandeira ou só na Semana Farroupilha, ele tem que ser colocado em prática. Liberdade: a liberdade de poder solicitar atendimento sem passar a noite na fila. Igualdade: tem que ter saúde para todos, que todos possam utilizar o posto de saúde com a garantia de atendimento. E a humanidade: receber um atendimento digno, respeitando a Constituição que garante saúde para todos. Fica aqui o meu pedido novamente de realmente ser colocada em prática a questão da saúde. Chega de discussões, chega de assembleias, vamos colocar em prática, de verdade, porque o que a gente quer é ver os nossos idosos bem cuidados, é ver, sim, as crianças também recebendo um bom atendimento, porque nós somos jovens, eu sou jovem, graças a Deus não preciso muito ir ao médico, mas a gente sabe que quem mais precisa de médico são as crianças e os idosos. É esse o meu pedido, que eu deixo aqui. E obrigado a todos. É isso pessoal. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Obrigado, Elizângela. A Dona Elvira Centena da Silva, do Clube de Mães da Vila Santa Rosa, está com a palavra.

 

A SRA. ELVIRA CENTENA DA SILVA: Eu gostaria de cumprimentar a minha comunidade, fico muito satisfeita em ver que realmente desta vez o pessoal atendeu ao convite, porque se nós não lutarmos, se nós não brigarmos, jamais vamos ter alguma coisa. E para a Mesa maravilhosa que estou vendo hoje, com essa imensidão de chuva, porque jamais aqui na Santa Rosa tivemos os nossos representantes presentes, quase todos. Eu gostaria de dizer o seguinte, quem não conhece a Constituinte? O que está escrito na Constituinte? Que nós, cidadãos, temos direito à saúde, educação, moradia, segurança e tudo o mais. E eu pergunto, onde está essa segurança, onde está essa saúde, onde está a educação, que está péssima, onde está tudo que está na Constituinte? Eu gostaria imensamente de pedir aos nossos Vereadores: façam emendas pelo amor de Deus, e façam com que essas leis saiam do papel e venham para a prática, porque só assim nós poderemos nos considerar cidadãos! Até agora nós não somos isso. Não somos, porque nós não temos nada, gente! Se nós olharmos bem os direitos que nós temos, nós não temos direito nenhum! Porque, se nós formos reclamar no posto de saúde – eu estive lá também, a Mariazinha esteve aqui reclamando do posto de saúde, por quê? Eu fui lá com a pressão altíssima, e eles me disseram que só mediriam a minha pressão, se eu fosse consultar, porque, se eu não fosse consultar, eu não mediria a pressão. Voltei e fui medir a pressão na farmácia para não criar caso, mas, por mim também, esse posto de saúde estaria com uma tranca bem grande, fechando tudo, porque não adianta nada! (Palmas.)

Gostaria de cumprimentar a representante da Saúde, que é muito amiga minha, muito conhecida. Infelizmente, a coitada, hoje, está aqui como “bode expiatório”. E a Verª Maria Celeste, que é nossa moradora daqui: Maria Celeste, cutuca os Vereadores lá, façam emendas para que a Constituinte realmente seja praticada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Concedo a palavra a Verª Maria Celeste.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Boa-tarde a todos e a todas, eu queria saudar o nosso Presidente, Ver. Sebastião Melo, demais Vereadores, representantes das Secretarias, lamentamos que não tenhamos a presença de todas as Secretarias, mas pelo menos os senhores que estão aqui mostram que podem e querem dialogar com a comunidade sobre os problemas que ela está enfrentando. O primeiro deles, eu acho que todo mundo já falou e colocou de forma bem apropriado aqui, que é a questão da Saúde. Desde 2007, nós temos tratado desse tema lá na Câmara, Presidente, e não somos ouvidos enquanto Vereadores. Eu acho que aqui há um problema que precisa ser deixado bem claro, qual seja, qual é o papel do Legislativo, qual é o papel do Executivo. Cabe ao Prefeito Fogaça e ao Secretariado, que está aqui representado, que é quem tem atribuição e o poder de executar as tarefas da Cidade em todos os níveis - na Saúde, na Educação, no Saneamento Básico, no Transporte -, ou seja, a quem governa a Cidade, e cabe aos Vereadores fiscalizar, pressionar. Por vezes, parece que os Vereadores não atuam, porque as coisas não são resolvidas. Desde 2007, Presidente Arilton, nós tratamos desse tema na Comissão de Saúde, lá na Câmara Municipal, com a representação da Associação de Moradores, e não avançamos. Em 2007, já dizíamos para o Secretário de Saúde - à época não era o Dr. Eliseu, era o Dr. Pedro Gus - que não tinha médico na Unidade de Saúde da Santa Rosa, que não tinha médico na Ramos, que a Dutra Jardim não tem posto de saúde, não tem PSF, que ainda não estava inaugurado o PSF da Santo Agustinho, que o PSF da Nova Gleba não tinha médico àquela época também, pois os médicos saem de férias e não tem substituição, ou seja, o Prefeito Fogaça está informado de tudo isso e sabe! Agora, qual é a postura deste Governo? Eles não respeitam a Câmara Municipal. É disso que se trata! E que bom que as senhoras e os senhores estão aqui, hoje, neste dia de chuva, e o Ivan já falava disso. É importante que esta comunidade se una e, juntos, nós vamos conquistar. Não adianta querer dividir a comunidade em Partido A, B ou C, ou a Associação A puxar para um lado, a Associação B puxar para outro! É isso o que o Governo quer! Quanto mais divididos nós estivermos, melhor para os governantes. Então, que bom que estamos todos aqui, unidos, e vamos lutar pela causa da Saúde, juntos!

Agora, Presidente, eu quero dizer que nós também temos mais problemas seriíssimos aqui. Quem for agora, lá na Rua Argentina Flores da Rosa, cujo nome é o de uma velha líder comunitária aqui da nossa comunidade, primeira Presidenta da Associação de Moradores da Vila Santa Rosa, vai passar com água pela canela ou então pelo joelho. E faz uma semana, Presidente, que essa situação está assim. Qualquer chuvinha, na baixada ali, alaga tudo. Nós já encaminhamos a situação para o Dr. Ernesto Teixeira, do DEP, tivemos reunião lá com a comunidade, por duas vezes, e até agora não conseguimos avançar, por quê? Porque precisa ali de investimentos de recursos. Nós precisamos trocar toda aquela rede de esgoto. Isso precisa de uma Emenda ao Orçamento, e nós estamos na época da LDO e estamos na Câmara Municipal fazendo Emendas.

Em respeito à Saúde, a Associação fez uma Emenda que foi aprovada. Agora, cabe a nós, Vereadores, à Associação e aos moradores fiscalizar se o Prefeito vai acolher essa Emenda, aumentando recursos para a contratação de um médico no UBS Santa Rosa e o médico no UBS Ramos. Cabe a nós juntos fiscalizar.

Agora, a oposição na Câmara Municipal onde esta Vereadora é a Líder, da oposição, nós somos apenas dez Vereadores. Nós precisamos coletivamente do esforço de todos os Vereadores que aqui estão, de todos os Partidos para ajudar efetivamente a Vila Santa Rosa, porque senão vamos vir aqui, a Audiência é bonita, tem bastante gente, vamos reivindicar, vamos colocar todas as questões, e na segunda-feira o Prefeito não encaminha nada e acabou! Eu tenho absoluta certeza de que o Presidente Ver. Sebastião Melo tem um carinho muito especial, tem um trabalho aqui na Vila Santa Rosa também, vai cuidar e vai nos ajudar a fiscalizar, porque, Brizabel, minha querida companheira militante da área das mulheres de muito anos também, sei que tu tens um olhar muito especial para as mulheres e para as idosas, estás aqui em nome das Secretaria da Saúde, tu vais ter que nos ouvir: é lamentável que a Secretaria da Saúde, no ano passado, tu não estavas lá, quero fazer esse registro, deixar de aplicar 14 milhões em reformas nos PSFs do Município de Porto Alegre, do Governo Federal, não investir, deixar o dinheiro parado, e espero que não tenha sido devolvido ainda. Tinha essa dúvida, estava em discussão, espero que não tenha sido devolvido, porque nós precisamos de um PSF lá na Vila Dutra Jardim, que não temos, e essa demanda é prioritária aqui para a Vila Santa Rosa também. Não é possível a UBS Santa Rosa atender cem mil pessoas, como atende nos dias de hoje! Não tem condições, mesmo que se coloque mais um médico. É importante, é necessário, mas não tem condições! Nós precisamos de um PSF na Dutra Jardim também; precisamos ampliar os nossos serviços na Saúde; precisamos ter dentistas nos nossos postos de saúde, que não temos; precisamos ter os médicos especialistas; tem gente esperando por uma cirurgia de especialista há mais de seis meses. Cadê o Prefeito que disse que faria mutirão nesta Cidade e que em seis meses ia resolver todos os problemas? Faz cinco anos que o Fogaça é Prefeito desta Cidade, está na hora dele vir e agir, especialmente aqui na Vila Santa Rosa, não só na época da eleição, quando ele veio pedir voto e depois não apareceu mais. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a presença e convido para compor a Mesa a Sra Aline Maciel Ribeiro, que representa aqui o gabinete da Verª Sofia Cavedon.

A Sra Vitúlia Gonçalves, Presidenta da Associação dos Moradores da Dutra Jardim, está com a palavra.

 

A SRA. VITÚLIA GONÇALVES: Boa-tarde à Mesa, boa-tarde Sr. Presidente, é o seguinte, eu estou com um exame médico desde janeiro e não consegui mostrar para o médico, porque não tem médico. E o seguinte, nós estamos no Agenor Jarro, esse PSF está sem médico, está fechado. Nós temos representante da Associação de Moradores, que é a Dutra Jardim, a nossa escolinha, e o posto não pode atender as crianças, porque não tem médico. E a gente está pedindo, por favor, por causa das nossas crianças da Dutra Jardim. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Sra Glaci Bertelli, moradora da região, está com a palavra.

 

A SRA. GLACI BERTELLI: Boa-tarde a todos, boa-tarde à Mesa, aos Vereadores, todos representantes que estão aqui. Em primeiro lugar, eu queria dizer que eu moro há 40 anos aqui na Vila Santa Rosa, estou com a voz embargada, estou até com raiva, para poder dizer bem a verdade, porque eu tenho duas netas que têm problemas de asma e de bronquite; sou cardíaca, e passo noites em claro cuidando das minhas netas que estão ali, que entram em crise, e aí eu tenho que chamar o SAMU. O SAMU vem, medica e diz:” procura o posto de saúde”. Do posto de saúde da Santa Rosa nos jogaram para Ramos. Nós, moradoras aqui a 150 metros do posto de saúde, nos jogaram para a Vila Ramos. Aí, o que acontece, como é que eu vou sair em dia de chuva com duas adolescentes, à pé, para a Vila Ramos? Ou passar a madrugada atravessando a Vila Ramos. Se aqui na Santa Rosa nós já não temos segurança, nós vamos arriscar a nossa vida, atravessar a Vila Ramos, para pousar na fila? É brincadeira! Aqui na Santa Rosa nos tiraram o direito, nos embargam, nos tiram tudo que nós temos de bom, nos tiraram o fim da linha, nos tiraram o nome de Santa Rosa e nos chamaram de Gleba, porque nós somos discriminados! Nós moramos aqui há 40 anos, temos um senhor que fez parte da primeira diretoria da Associação de Moradores... Lamento, mas eu estou nervosa. (Palmas.) Eu quero dizer para vocês que é lamentável!

Hoje a Mesa está cheia, muito bonito, porque na época da eleição, nós, os moradores, é que botamos o pé no barro para ganhar o voto para eles. Eu pego a minha bandeira e vou para a rua buscar voto, mas eu voto em quem trabalha, em quem demonstra serviço na minha comunidade, porque para quem só vem buscar voto eu boicoto e falo o nome de um por um. Eu acho que povo tem que votar em quem trabalha, em quem está lá para nos representar, não adianta votar em quem ganha a eleição e depois fica em casa bem bonitinho, ou vai para lá só para fazer o nome. Porque nós precisamos de saúde. Saúde, educação e segurança são as piores coisas que têm dentro da Santa Rosa; e nós, moradores, temos que nos unir. Hoje isso aqui era para estar mais cheio, era para ficar lotado, porque foi anunciado, o Seu Paulo anunciou, todo mundo, o Presidente da Associação andou de casa em casa convidando, mas a chuva também atrapalhou um pouco. Então, tudo bem, vamos dizer que foi a chuva, mas eu acho que temos que descruzar os braços e lutar pela nossa comunidade, procurar médico, que nós precisamos aqui na Santa Rosa. E, por favor, botem essa rua, a Bernardino de Oliveira Paim, de volta para esse posto de saúde, porque não há condições de nós, moradores daqui, a 150 metros do posto de saúde, ir para a Vila Ramos buscar uma saúde, buscar uma ficha médica para os nossos filhos e para os nossos netos. Eu sou cardíaca, eu posso agora mesmo cair morta na frente de vocês, eu tenho receita médica e ele disse que tudo pode acontecer comigo, mas eu digo para vocês que enquanto eu tiver voz, enquanto eu tiver uma palavra na minha boca, enquanto eu conseguir eu vou estar aqui gritando pela minha comunidade, por vocês, por mim, pelos meus filhos e pelos meus netos. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu solicito aos Srs. Vereadores que na medida em que queiram usar a palavra podem solicitar e nós vamos intercalando aqui. A Sra Ana Luiza Cardozo Carvalho, da Associação dos Moradores da Vila Santa Rosa, está com a palavra.

 

A SRA. ANA LUIZA CARDOZO CARVALHO: Boa-tarde a todos. Estou aqui como moradora da Vila Santa Rosa. Moro há 43 anos aqui. Vão descobrir a minha idade agora. Mas é uma vergonha, gente! Eu moro bem na frente do posto de saúde, e é uma vergonha ver as pessoas idosas, no domingo, às 6 horas da tarde, irem para a fila.

A gente fica imune. Eu fico olhando, na parte de cima da minha casa, e vendo aquilo ali... a gente fica até revoltada com as coisas, porque é incrível! E aí, fazemos o quê? Vai ficar assim até quando, gente? Até quando nessa angústia de conseguir um direito que é nosso! A Saúde! É uma vergonha!

Há 43 anos, não tinha o posto de saúde quando viemos para cá. Hoje tem, a Vila progrediu, mas o posto continua o que é hoje: uma vergonha.

A minha mãe é diabética, hipertensa, e, como a Roseli falou que não conseguiu consultar no posto, a minha mãe também não. Só que a Roseli conseguiu no Hospital Conceição. Nós tivemos que levar a minha mãe lá no hospital da Vila Nova. Olhe o que é a distância daquele hospital, para ela conseguir a consulta. Consultou, e a gente veio embora. E se ela não tivesse conseguido chegar até lá? E aí? Iríamos responsabilizar quem? É isso aí, gente. Acho que mais do que foi falado, não há mais o que falar. Só quero pedir, por favor, pessoal, nos socorram. Socorro!

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Toni Proença está com a palavra.

 

O SR. TONI PROENÇA: Muito boa-tarde às senhoras e aos senhores; aos representantes da Mesa; aos representantes do Governo; aos meus colegas Vereadores e Vereadoras.

Eu estava conversando com o Ver. Pujol, como disse a nossa oradora anterior, acho que agora nós vamos descobrir a idade dele, e ele estava me dizendo que este posto de saúde foi construído quando ele estava no Governo.

Tem alguma coisa errada. E eu sou um otimista incorrigível e quero dizer para vocês que muitas vezes - sou um Vereador novo, meu primeiro mandato -, nas Audiências Públicas de que participei este ano e mesmo nas de que não pude participar, terminada a Audiência Pública, o Presidente envia ao Prefeito a Ata da Reunião, onde constam todas as reivindicações, as demandas da comunidade. Em muitas delas, nós conseguimos construir solução, se não imediata, pelo menos construímos uma solução. Como bem disse a Verª Maria Celeste, a Brizabel é uma mulher sensível, não só por ser mulher, mas por ser competente, pela sua consciência, pelas suas convicções, tenho certeza que ela vai levar daqui para o Secretário Eliseu, e o Prefeito vai receber a Ata, a necessidade imperiosa de uma iniciativa imediata e firme do Governo Municipal, principalmente – eu vou me ater só ao problema da Saúde -, no problema da Saúde. Tem que haver uma solução.

Eu não vou fazer aqui uma pressão na Brizabel. Não é isso. Isso a comunidade já fez. E é assim mesmo, a comunidade tem que se reunir, tem que participar, tem que se mobilizar. E eu cumprimento a comunidade que, num dia como hoje - aliás, nesta semana toda que choveu, e hoje choveu o dia e a noite toda, não parou de chover um minuto -, mobilizou muita gente e veio aqui hoje reivindicar as suas demandas.

Mas esse problema do posto de saúde é um problema pontual e vale um esforço muito grande, tanto da Secretaria da Saúde quanto do Prefeito, assim como de nós, Vereadores, e da comunidade, para que busquemos uma solução rápida e imediata. Se não for a solução total do problema, pelo menos que amenize a situação.

Quero fazer um cumprimento especial a Dona Elvira e ao Sr. Paulo que estão sentados aqui e estão desde sempre na Vila Santa Rosa, por quem tenho muito carinho. E cumprimentar todos vocês, os que se manifestaram aqui, os que não se manifestaram e que ainda vão se manifestar pela participação e pela determinação de juntos construírem a solução que a Vila Santa Rosa merece e precisa ter. Contem conosco, todos nós, Vereadores - os que estão aqui e os que não puderam vir -, para nos somarmos a vocês nesta reivindicação. Muito boa tarde.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Edgar de Quadros, Vice-Presidente da Associação de Moradores, está com a palavra.

 

O SR. EDGAR DE QUADROS: Boa-tarde, pessoal. Reforço o agradecimento à comunidade que veio aqui com chuva, e lembrando que, assim como a Saúde está desacreditada, a política também está desacreditada.

Criar movimento popular hoje está muito difícil. E assim como a Associação de Moradores está tentando resgatar a confiança da comunidade através da luta, porque só com luta e com trabalho que o povo participa, porque o povo está cansado de mentiras, está cansado de ser enganado. Muitas vezes aconteceu isso aqui na nossa comunidade, e nós estamos dizendo que agora basta! Nós queremos lutar por saúde, por educação, por assistência social. Neste momento, a saúde é o que está apertando muito a nossa comunidade. Pessoas idosas, como o Seu Paulo, a Dona Elvira, são pessoas lutadoras que hoje precisam do amparo, também, do Estado, na saúde e não têm. Então, nós temos a obrigação de continuar esta luta, de nos somarmos a essa luta. A Glaci, que esteve aqui presente, o Vilmar Berteli - é esse o nome da nossa Praça -, que foi uma pessoa que lutou pela Escola Ildo Meneghetti, pelo Ensino Médio aqui na Santa Rosa, pelo 20 de Setembro, tudo isso também começou assim: foram pequenas reuniões, pequenas assembleias, mas o povo conquistou. E nós estamos aqui de novo mostrando que só com luta é que se conquista, somente a comunidade unida, participando é que vai fazer pressão para que o Governo nos dê algo. Infelizmente não precisávamos pedir; é um direito nosso, é isso que faz a diferença entre ser servos e ser cidadãos. Nós somos cidadãos, e todo cidadão tem direito, e nós estamos aqui reivindicando o nosso direito, não queremos ser apenas “pacientes” da Saúde. Chega de paciência, nós estamos aqui para lutar e vamos cobrar da Saúde! Infelizmente, o Secretário não está presente aqui, o que é um desrespeito não só aos moradores, mas também a esta Câmara, porque, quando o Secretário é chamado, ele é chamado com antecedência; ele pode colocar na sua agenda vir a esta comunidade. Nós estamos de olho: estamos com uma emenda e vamos fazer outras ações que forem necessárias. Temos que endurecer cada vez mais e não amolecer para nós realmente conseguirmos conquistar. Cada um de vocês aqui, como disse a Celeste, tem que se unir. Tem que se unir por um bem comum, que é a saúde, que atinge todos; independente de sigla, atinge todos. Então, nós precisamos nos unir e ir lá na frente da Prefeitura se precisar. Se tiver que fechar o posto num dia para denunciar... De que adianta o posto aberto se não tem médico? Então, vamos cobrar da Prefeitura o nosso direito. E vamos à luta! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra o Ver. Paulinho Ruben Berta.

 

O SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Eu gostaria de cumprimentar o Presidente da Câmara de Vereadores, Sebastião Melo; todos os meus colegas Vereadores, todos os técnicos, todas as Secretarias aqui representadas, e cumprimentar todos vocês: primeiro, num dia de chuva, num sábado à tarde, estar este salão como está, cheio de pessoas, é muito importante, demonstra a força da comunidade. Queria pedir perdão para vocês, mas cumprimentar e dizer que me criei na Vila Santa Rosa, me criei na Rua M, aqui eu conheci Vilmar Berteli, um grande lutador, meu compadre, que muito trabalhou por esta comunidade. A educação, na Grande Santa Rosa, na Rubem Berta, tem a mão dele, ele foi um grande lutador! Eu queria dizer o seguinte: nós todos sabemos que a saúde não é só em Porto Alegre, não é só na Grande Santa Rosa, não é só no Rubem Berta, em todo o Brasil hoje é deficitária, falta muita saúde, falta muito médico no nosso País. Tenho certeza absoluta de que não é vontade nem do Prefeito nem do Secretário da Saúde, de nenhum político... eles quereriam que tivesse saúde em todas as regiões, e que os postos de saúde tivessem médicos. A grande realidade é uma só: falta recurso para isso. Agora, eu tenho certeza absoluta de que com a união que vocês têm, com a mobilização, com as lideranças comunitárias, que se mobilizaram, que hoje trazem praticamente meia Câmara de Vereadores para dentro deste ginásio, fazendo com que todos estejam aqui, eu quero dar os parabéns para vocês. O Gabinete deste Vereador estará sempre à disposição para trabalhar em favor das reivindicações da Grande Santa Rosa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito bem!

Concedo a palavra a Sra Maria de Fátima Cardoso, que também é moradora da Grande Santa Rosa.

 

A SRA. MARIA DE FÁTIMA CARDOSO: Boa-tarde a todos da Mesa, ao nosso presidente da Associação, Arilton! Eu queria dizer, em primeiro lugar, que sinto muita falta de uma pessoa muito importante que deveria estar aqui, mas está lá na Saúde, mais uma vez, lutando pela nossa causa: é a Maria de Lurdes e a Angélica. Elas deveriam estar aqui para contar para vocês o que, nesses muitos anos, desde 2006, elas vêm fazendo. Como eu sou a pessoa que convive com elas, vou passar um pouquinho da história delas para vocês entenderem que não é de hoje que nós estamos lutando. A Maria de Lurdes, dentro das condições financeiras dela, tira passagem para, uma vez no mês, ir ao Conselho para a reunião. Além do Conselho Municipal, tem aqui no Sarandi o antigo Cris, que mais uma vez ela também vai às reuniões, são 4 passagens por mês que ela paga para ir às reuniões. Essas reuniões, sinto muito dizer, não servem para nada; desde 2006, elas não falharam uma, elas estão lá lutando por nós, e a resposta é sempre a mesma: não tem solução. Sinto muito, Sr. Prefeito, pelo que eu vou falar, mas não adianta passar por reunião, não adianta colocarmos os nossos problemas, se não tem atitude. Que seja passado isso para ele: que ele tome a atitude de chegar aqui e dizer para nós se vai resolver ou não vai, porque nós estamos, desde 2006, com o Fernando Ferrari com mais de sete mil famílias, sete mil, gente, esperando lá, com local, com o pessoal, com tudo prontinho e com o principal: aprovado no papel que nós temos um PSF para o Fernando Ferrari. Hoje, o Fernando Ferrari usa o posto Santa Rosa. Temos o Loteamento Bosque com mais de mil famílias morando lá, que também deveria ter um PSF lá. Também não saiu do papel.

Então não adianta ele não ter atitude, porque nós não vamos chegar aqui e ficar falando besteira, porque se está no papel, ele tem que cumprir. Certo? Concordam? Se está no papel, ele tem que cumprir. Não adianta vir aqui pedir mais um PSF, porque ele também não vai cumprir. O PSF do Fernando Ferrari foi aprovado, então cumpra agora, não espere para amanhã ou depois, tome atitude.

Outra coisa, se tem mais de 100 mil pessoas dentro do posto da Santa Rosa, usando como prontuário, e mais 100 mil no UBS Ramos, gente, com um médico é impossível, não precisa mais falar. Os problemas nós já sabemos de cor e salteado. Precisava de gestor? Montamos o gestor. Santa Rosa tem:a Maria de Lurdes, a Angélica. Na Vila Ramos, tem a Dona Augusta e mais um pessoal. Eles participam da reunião, eles vão lá, eles debatem, eles discutem, eles perdem tempo! Chega disso, gente! Chega de perder tempo, de ir lá e colocar os problemas, os mesmos problemas de sempre.

Então, se esta Audiência é para resolver, levem para o nosso Prefeito, para que ele tome atitude, porque nós estamos cansados de esperar papeis. Se está no papel que existe reunião para ir todos os meses lá, para resolver os nossos problemas, não esperem dois, três, quatro, cinco anos, resolvam. É isso que nós queremos que o pessoal faça.

E não adianta acharmos que a comunidade está aqui, porque não está. Estavam algumas criança do Onda fazendo número, porque a comunidade não está aqui. Essa é a grande verdade! Não adianta acharmos que a comunidade está aqui, porque não está. Sabem por quê? Porque estão cansados de ir para fila, estão cansados de ouvir “não”. Então, chega! Se a Audiência chegou nesse ponto, vamos resolver, vamos colocar no papel o que foi decidido e levar para eles e dizer: atitude já!

Outra coisa que nós temos que pensar é que quando chega na Santa Rosa, nós estamos batalhando não só pela Saúde, não só por ônibus, mas por uma série de outros problemas, e, se tiver que fazer outra audiência para isso, vamos fazer também. Hoje a Saúde está precária, todos sabem os problemas, mas ninguém toma atitude. Se os Vereadores querem chegar aqui - e falo para cada um dos que estão aqui - chegar aqui nas eleições e pedir votos, por favor, façam por merecer. Venham aqui, comprometam-se com a comunidade e façam. Tragam para nós projetos, tragam para nós respeito pela comunidade; tragam para nós aquilo que nós precisamos, porque, de problemas, nós já estamos cheios, e todo mundo sabe. Então não adianta ficar sentado aí, esperando que a comunidade vá se mexer, porque eles não vão. A comunidade quer atitude de vocês, Vereadores. E como vocês precisam de votos, que venham com soluções. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sebastião Melo; Presidente Arilton Cardoso, cumprimentando os dois, eu saúdo os demais presentes; eu quero dizer que sou um pouco saudosista; a senhora que falou aqui que está com 69 anos de idade compreende que quem está com essa idade também seja um saudosista. Este local onde estamos nesta tarde chuvosa, e que mesmo assim fez virem inúmeras e responsáveis pessoas aqui apresentar, dentro do processo democrático, os seus anseios, as suas reivindicações, já foi, e acredito que sempre será, Verª Maria Celeste, palco de grandes acontecimentos para a Vila Santa Rosa. Há mais de 30 anos, eu estive aqui, em um dia como hoje, com muita chuva e com muito mais gente aqui dentro deste salão paroquial da Acompar, estava convocado pelo Sr. Volnir, que era o Presidente da Associação dos Moradores, homem de pouca estatura física, mas de grande estatura moral, Presidente Sebastião Melo, que era o canal das reivindicações na ocasião. Eu só lembro disso - por conhecer a história da Vila Santa Rosa - por não me sentir agredido quando alguém fala que o Vereador só vem aqui quando precisa de votos, porque poucos são os mortais que, não morando na Vila Santa Rosa, vieram tantas vezes como eu vim, poucos, pouquíssimos, raros, mas isso não me faz melhor do que ninguém. Se resolvi ser homem público, tenho, no mínimo, de entender que, se é difícil, para mim, sair da minha casa num dia de chuva para vir aqui, é muito mais difícil para vocês, porque eu vim no meu carro, e vocês vieram se molhando. Muitos queriam estar aqui no dia de hoje e não podem estar, porque estão trabalhando. Então, temos por obrigação representar, nós, os eleitos - o Paulinho Ruben Berta, o Mauro, a minha querida Vereadora aqui, a mais jovem Vereadora, mas nem por isso menos importante dentro da Casa, enfim -, mais os Vereadores aqui presentes, o Toni Proença, o Émerson, enfim, os que estão aqui e os que não estão. Nós temos a obrigação de fazer isso, somos pagos para isso. Agora, vocês não são pagos para estar defendendo os interesses da comunidade, e estão aqui, abaixo de chuva, junto de nós. Então, nos merecem mais do que o respeito - isso é o mínimo -, merecem-nos a compreensão e a solidariedade. Mas a solidariedade não pode ficar apenas no discurso bonito. As meninas tinham uns cartazes ali, e um deles dizia assim: “Chega de falação”. Eu até ficaria confortável; agora, eu sou um Ouvidor, e Ouvidor ouve, não fala. Então eu deixaria vocês com a dificuldade de ficar falando, e diria: “Eu vim aqui só para ouvir”. Mas não. Eu vim ouvir...

Nós pretendíamos, mas, graças a Deus, não estabelecemos a nossa barraca hoje aqui; estaríamos debaixo de água. A Verª Maria Celeste vai anunciar depois, e digo que ela, por ser moradora aqui do bairro, não que ela seja diferente – nós todos temos responsabilidade pelo bairro –, mas ela, além de ter a responsabilidade de Vereadora, Paulinho, tem a responsabilidade também como moradora do bairro. Vamos anunciar, temos uma Ouvidoria instituída pelo Presidente Sebastião Melo, e vamos ficar aqui, um dia, não numa assembleia, mas no meio da rua, junto da praça, aqui mesmo, nessa área ali na frente, numa barraquinha, para que todos possam vir ao menos apresentar a sua reivindicação, e a nós vai caber dar encaminhamento. Porque hoje está muito bom conversar com a comunidade, porque a qualificação das suas lideranças é muito grande. Quantas vezes o Arilton como Presidente, homem que concorreu à Vereança junto conosco, que sabe exatamente, porque quis ser Vereador - e um dia será -, quais as possibilidades e as responsabilidades dos Vereadores.

Então, eu não vou receber as culpas por umas coisas que eu não fiz ou deixei de fazer, porque as faço – bem ou mal, eu as faço. Aliás, eu poderia chegar aqui, Sebastião, e, num lance de megalomania, dizer: “Mas, pô! Vocês têm que me respeitar. Eu saneei a Santa Rosa, eu urbanizei a Ramos”. Estão falando que tem algumas ruas inundadas aqui. Mas as ruas não inundavam antigamente, porque era tudo barro, e a gente acertou. Mas não é isso o sentido, porque cada um tem que fazer o que a possibilidade lhe permite. E, se um dia eu tiver berço de poder... Por duas vezes, dirigi o DEMHAB e tive a responsabilidade de fazer e procurei fazer o melhor. Como agora, quase aos 70 anos de idade, quase “dobrando o cabo da Boa Esperança”, eu digo: Sim, o que der para a gente fazer daqui para diante vamos continuar fazendo, porque não faço favor nenhum em continuar entendendo, compreendendo, ajudando e, muitas vezes, possibilitando conquistas e transformações às pessoas que moram aqui, na Grande Santa Rosa, que é grande não só pelo tamanho, mas pelo valor da sua gente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Temos agora nossa última inscrição dos nossos moradores. Concedo a palavra à Sra Maria Augusta Campos da Rosa, Coordenadora da Unidade Básica de Saúde da Ramos.

 

A SRA. MARIA AUGUSTA CAMPOS DA ROSA: Boa-tarde à Mesa e boa-tarde a todos os usuários, aos participantes aqui; está muito bonito tudo aí. Eu sou usuária da UBS Ramos e sou Coordenadora dos usuários da UBS Ramos também. No nosso posto, não tem mais fila de espera, ficar em fila cedo como tinha. Eu sou novinha lá na Unidade, faz seis meses que estou na Coordenação, e está-se mudando aos poucos as coisas. Mas temos um grande problema: faltam médicos - clínico geral, ginecologista -, dentista , e faltam técnicos em enfermagem e enfermeiros também. Temos as salas, temos os materiais lá, tem uma sala odontológica e tudo, só que o nosso problema é que está faltando médico. A gente está conseguindo organizar melhor a Unidade, só que falta o principal: médicos. Pediatras a gente conseguiu, tem dois pediatras. Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito bem. Vamos ouvir agora o Ver. Mauro Pinheiro.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Boa-tarde a todos, em especial ao nosso Presidente, Ver. Sebastião Melo; demais Vereadores, Vereadoras; aos nossos representantes do Governo Municipal, da Prefeitura, especialmente da Secretaria da Saúde, tão falada hoje aqui, nesta Audiência; aos moradores, à nossa comunidade; o nosso abraço especial ao Padre José Antônio, o Padre Zé, como nós o conhecemos, que sabemos que é um guerreiro, e, com certeza, ele tem lutado junto com a comunidade para trazer as melhorias.

Hoje se falou muito aqui sobre o problema da Saúde da Vila Ramos, da Santa Rosa, dos postos de saúde, mas, infelizmente, isso não é um privilégio só desta comunidade; o problema da Saúde é de toda a Cidade, e temos enfrentado isso com muita luta, dentro da Câmara de Vereadores, com várias audiências, dentro da COSMAM - Comissão de Saúde e Meio Ambiente -, com visitas aos postos de saúde, mas, em toda a Cidade, tem acontecido esse problema. Até mesmo já foi pedida a instalação de uma CPI da Saúde pela Verª Maria Celeste, que foi a proponente, mas, infelizmente, não tivemos as assinaturas necessárias para fazer uma CPI e investigar os desmandos da Saúde do nosso Município, porque a gente sabe que existem vários indícios de desvio de verbas dentro da Saúde, e isso é muito triste para nós, Vereadores, que temos sempre lutado, tentando buscar recursos e escutamos a população reclamar sobre a falta de médico, a falta de saúde, e a gente sabendo que o dinheiro da Saúde está indo para locais a que não gostaríamos que fosse. Eu sei o quanto a situação é difícil, e muitos Vereadores talvez não assinaram essa CPI devido até mesmo à pressão do Governo para que não a fizessem.

Por isso é importante a comunidade, vocês estarem unidos e, mesmo num dia de chuva como hoje, estarem aqui, cobrando, pedindo para que nós, Vereadores, possamos também ter força, lá dentro, para cobrar. Aqui escutei a Fátima falando, com muita vontade, com muita força, que os Vereadores têm que vir aqui, não só em época de eleição para pedir voto, eles têm que lutar. Isso é verdadeiro, temos que lutar, mas, infelizmente, os Vereadores não têm a força na caneta para resolver os problemas simplesmente porque querem; os Vereadores são representantes das comunidades, eles pedem, eles lutam, mas quem tem o poder de decidir é o Executivo, é o Prefeito, junto com os seus Secretários.

A gente sabe que a Prefeitura de Porto Alegre, mesmo tendo um recurso na média de mais de três bilhões de reais por ano - os investimentos previstos para o ano de 2009 são de 387 milhões de reais, e, até agora, foi gasto pouco mais de 70 milhões em investimento -, não consegue investir tudo aquilo que gostaria de investir, e começa a faltar saúde, educação e segurança em toda a Cidade.

Eu, que sou morador da Zona Norte, assim como a Celeste e o Paulinho Ruben Berta, nós sabemos o quanto essa Zona carece de infraestrutura, e não só aqui na Vila Ramos, na Santa Rosa, mas em toda a Região; todas as vilas que vão ser deslocadas mandam para a Zona Norte. Nada contra as vilas virem para a Zona Norte, assim como está vindo a Vila Nazaré, Vila Dique, mas onde está a infraestrutura, junto com essas vilas, para onde vão essas crianças, elas terão escolas, postos de saúde? E temos dito e repetido todos os dias, na Câmara de Vereadores, o pedido de mais infraestrutura não só na área da Saúde como na Segurança, na Educação. Vocês podem ter certeza de que Vereadores que também não são moradores da Zona Norte se somam, junto conosco, estão aqui hoje escutando, e é importante a presença de vocês. Mais importante que falarmos, é escutarmos vocês, mas vocês podem ter a certeza de que, mesmo sem estarmos aqui, estamos prestando atenção, estamos lutando, pedindo, mas, infelizmente, não temos conseguido trazer todos os recursos que queremos para a Zona Norte, assim como queremos para toda a Cidade de Porto Alegre.

Escutei muito falar a respeito das emendas as quais temos feito, temos lutado por elas, mas não basta haver uma emenda, porque ela não é garantia de recurso; recurso só virá se o Prefeito resolver mandar para cá. Como o Prefeito não tem recurso para toda a Cidade, para tudo que ele quer, aquelas comunidades que se mobilizarem, que lutarem, que pressionarem, é que vão levar, e nós estamos dispostos a, junto com vocês, trabalharmos para que esses recursos venham para cá. Mas em lugar de vocês ficarem brigando com os Vereadores que estão aqui - é nossa obrigação estarmos aqui -, vocês têm que se unir a nós, e não só conversar com o Vereador em época de campanha; todos os nossos gabinetes, não só o meu como de todos os Vereadores estão abertos para recebê-los, e, juntos, encaminharmos os pedidos, para que possamos trazer recursos para esta comunidade e para todas as comunidades de Porto Alegre. Temos é que nos unir e lutar juntos. Independentemente de Partido, de cor, de sexo, o importante é continuarmos a luta.

Portanto, pessoal, isso é apenas o início de uma luta, continuem lutando, continuem se mobilizando e podem contar com este Vereador e com todos os Vereadores da Câmara de Vereadores. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Obrigado, Ver. Mauro Pinheiro.

O Ver. Paulo Marques está com a palavra.

 

O SR. PAULO MARQUES: Saudando o Presidente Sebastião Melo, saúdo os colegas tanto da Câmara de Vereadores como os colegas de Governo. A minha saudação muito especial a este povo aqui da Zona Norte. Eu, que sou um Vereador da Zona Sul, mas, como Secretário Adjunto da Defesa Civil - e muitos de vocês conhecem o trabalho da Defesa Civil, porque estamos sempre aqui, presentes, pela necessidade de infraestrutura que vocês têm -, quero dizer que não entendo que a questão de CPI, ou sei lá o que estão falando aí, não é esse o entendimento. Acho que o entendimento, sim, Presidente Sebastião Melo, é uma questão de gestão interna da Saúde, e a disposição dos Vereadores, dos Secretários e dos representantes das Secretarias que estão aqui demonstram a vontade tanto do Governo como da Câmara de Vereadores de fazer o enfrentamento desse problema.

Eu ouvi testemunhos aqui que me chocaram, mas me chocaram, mas me chocam todos os dias, porque, lá na Zona Sul, é a mesma coisa. O problema de vocês não é individual, é um problema da cidade de Porto Alegre, do Estado do Rio Grande do Sul, é um problema do País, que é a Saúde. E a nossa disposição é de enfrentar esse problema ao lado de vocês. Para isso a gente está se colocando à disposição; a Câmara de Vereadores está aqui para ouvi-los, para encaminhar essa demanda e para fazer esse enfrentamento, sim. Espero, Presidente, que tenhamos uma resposta para dar a essa comunidade, porque a gente precisa vir aqui, ouvir, mas enfrentar esse problema com vontade política. É isto que tenho certeza de que vocês esperam de nós, que a gente vá lá e enfrente. As dificuldades são muitas? São. Existe dificuldade de repasse de dinheiro, existe dificuldade, como eu já disse, de gestão interna da Saúde, de prioridade política no Governo, mas nós queremos enfrentar isso junto com vocês, queremos dar valor, sim, ao fato de vocês terem saído da casa de vocês, com chuva, para estarem aqui hoje para demandar e enfrentar esse problema. Nós queremos estar ao lado de vocês. Vamos fazer esse enfrentamento e, com certeza, achar um meio de dar uma resposta, o mais breve possível, a essa comunidade. Muito obrigado pela oportunidade.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Bom, neste momento, vamos começar as falas da representação da Prefeitura, primeiramente pela Brizabel, que representa aqui a Secretaria Municipal da Saúde.

A Sra Brizabel Rocha está com a palavra.

 

A SRA. BRIZABEL ROCHA: ...(Falha na gravação.) encontro entre o Executivo, a comunidade que está aqui reivindicando e a Câmara, que tem a prerrogativa deste chamamento, desta Audiência, junto com a comunidade, é que a gente pode, de fato, ver luz no fundo do túnel.

Aos meus colegas e companheiros, aqui, de Prefeitura, a Dra Ângela, Gerente Distrital; permitam-me cumprimentar as duas Vereadoras, porque hoje nós estamos realizando a 4ª Conferência da Mulher, na Câmara de Vereadores, em que muitas companheiras de vocês, inclusive daqui da Vila, do Bairro, estão lá na Câmara defendendo inclusive a questão da saúde da mulher. E eu gostaria de cumprimentar, Toni, a Elvira Centena e o Seu Paulo, e aí eu comprimento todas as mulheres da plateia e todos os homens, porque foi a primeira família que me acolheu em Porto Alegre, quando eu vim do Interior morar aqui, há muitos anos. Comi na casa da Elvira, acho que nunca precisei dormir, mas, se precisar, eu sei que lá vai ter uma acolhida, é a minha “mãe”.

Eu quero dizer a vocês que eu fico muito entristecida, eu não fico constrangida de dizer que eu represento o gestor - eu represento o gestor sim; eu fiz parte do Governo Fogaça administrando a FASC, depois dos primeiro oito meses do Governo Fogaça. Eu administrei a FASC por três anos e oito meses - eu dizia que eu tinha uma diferença dos outros secretários -, e estou na Secretaria da Saúde desde março. E o que eu faço? Uma representação; aqui eu estou representando o Secretário Eliseu, uma representação responsável desse órgão, pois hoje eu falo em nome da Secretaria da Saúde.

Nós fizemos uma reunião preparatória com a Dra Ângela, coordenação da rede básica, antes de vir para cá; e nós fizemos uma reunião com o Secretário, e, ontem à noite, eu tive a oportunidade, na abertura da conferência, Presidente e Verª Maria Celeste, de conversar com o Prefeito e com o Vice-Prefeito sobre a situação crítica que se vive aqui na região de vocês. E fui muito curta, dura e objetiva dizendo que, em uma unidade de saúde que nós temos aqui, que é a Santa Rosa, atende 18 mil pessoas com cinco profissionais. E, na outra unidade, que é a UBS Ramos, são quatro profissionais, que atendem também em torno de 18 mil pessoas.

Bem, o que nós temos previsto? Nós temos prevista a ampliação das equipes de PSFs para a cidade de Porto Alegre, em um primeiro momento, para 38 equipes, e dez equipes de imediato; seis equipes, então, para essa Região; três PSFs para a UBS Santa Rosa, que não tem nenhuma equipe de PSF, e, por isso, as filas dos idosos; por isso também a procura, porque eles teriam que estar sendo atendidos nas suas casas com a devida saúde no âmbito da família, de prevenção, que não é feita; e três equipes para a UBS Ramos. Basta? Não basta. São 10 equipes de imediato. Aqui entra, Presidente, a fala e o apoio do Presidente e dos demais Vereadores, que estão combinando na Mesa fazer uma Audiência específica com o Secretário Eliseu e, a posteriori, com o Prefeito, para tratar especificamente dessas questões. São dez equipes que serão contratadas de imediato, e aqui nos unamos para que essas seis que já estão previstas aqui, venham, de imediato, para desafogar essas unidades.

Mas há outra questão: foi enviado já, há algum tempo - vocês devem saber -, um processo de criação de 425 novos cargos para a área de Saúde, entre enfermeiros, técnicos, enfim, em que consta a criação de 100 cargos para médicos. O que acontece? Os médicos, quando Porto Alegre assinou a gestão plena - foi uma das últimas capitais a assinar a gestão plena; já tinha o SUS -, ela municipalizou serviços; portanto, os médicos oriundos do Governo do Estado e do antigo, ou do Ministério da Saúde, que aqui clinicavam municipalizaram-se. Quando eles se aposentam - e esse cálculo não foi feito, e nós estamos vivendo o auge da crise -, os cargos não são repostos, são cargos em extinção. E aí o Município teria que dar a resposta e criar esses cargos - é onde está esse processo. Então, sem isso, nós não teremos luz no fundo do túnel, mesmo ampliando os PSFs, porque as UBSs têm outras especialidades, os dentistas, as salas odontológicas. Eu estava na sala da Secretária Sônia, Presidente Melo, quando pedimos o desmembramento desse processo para, imediatamente, criar os 100 cargos de médico. Eu liguei, conversei com a Secretária Sônia esta semana, em função de outros problemas na Lomba do Pinheiro, na Restinga, e esse processo encontra-se na gestão, com o Secretário Clóvis, que estará na Secretaria da Saúde segunda-feira, às 16h30min, para tratar da sequência do novo conveniado da Prefeitura, vamos dizer assim, o Instituto de Cardiologia, que substituiu a Sollus, e nós estamos pautando essa questão.

Então o que eu estou colocando? Extrapola a condição do Secretário Eliseu, extrapola a condição da Secretaria da Saúde e do Conselho Municipal de Saúde, porque estamos todos de comum acordo de que precisamos para ontem a criação desses cargos, porque há médicos concursados que não foram chamados. Damos o exemplo de Oftalmologistas; nós temos três oftalmologistas em Porto Alegre para atender toda a rede do SUS, e por aí vai. Vocês vivem esse cotidiano.

Então, objetivamente, é isso. Há a previsão de seis PSFs para esta região, UBS Santa Rosa e para Ramos; há a previsão de contratação imediata de 10 equipes, e quero que nos unamos para que essas seis equipes venham para cá; e há o Projeto, que já está “pra lá de maduro” para ir para a Câmara de Vereadores, de criação dos 100 cargos, para podermos chamar os médicos concursados. Vivemos isso.

A médica clínica-geral está de licença-gestante e não pode trabalhar em função da gripe; a nossa gerente distrital está atendendo como Clínica na Unidade, vem e volta. É uma situação sempre de transitoriedade, ou seja, não se tem a garantia do atendimento, a permanência e a sequência de um atendimento digno.

O que eu disse para o Fortunati ontem, à noite? Nós não estamos falando de uma coisa menor; nós estamos falando da vida das pessoas, e mais, do estar vivo, o que vocês muito bem colocaram aqui - o estar vivo. Vou amanhecer amanhã? Vou ser medicada? Vou ter a minha medicação? Vou ter uma vida de qualidade? É disso que nós estamos falando.

É nesse sentido que a gente tenta fazer uma representação responsável, de muita luta, com o apoio da comunidade e da Câmara de Vereadores.

A Dra Ângela quer completar, Presidente Melo, com alguns dados.

Eu espero que, na minha simplicidade interiorana, de pessoa com fibra e que luta tanto quanto os nossos Vereadores e todos os que nos fazem cidadãos de Porto Alegre, eu possa estar contribuindo e somando para a melhoria das condições de vida e pela qualidade da Saúde para todos em Porto Alegre. Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Pessoal, eu faço um apelo: estamos nos encaminhando para o final, e gostaríamos que esse encaminhamento fosse de forma coletiva. Peço mais uns 10, 15 minutos para que possamos fazer os encaminhamentos.

 

A SRA. ÂNGELA REGINA NUNES: Eu não poderia me furtar de dar alguns dados, porque sou Gerente Distrital de Saúde da Região Norte, Eixo Baltazar.

Vou me ater à essa região, mas acho importante que a população saiba alguns dados, porque se nota que há alguns dados superdimensionados. Por exemplo, a região Eixo-Norte Baltazar, toda essa região atende 190 mil habitantes. Nesse território de 190 mil habitantes, temos nove UBSs e 12 PSFs. Dentro dos 190 mil, temos 12 equipes de PSFs, no momento, e nove UBSs. Claro que há alguns postos que têm maior densidade demográfica na região, e outros que têm menos, mas a média de atendimento dessas Unidades, nessa região, é, como a Brizabel falou, de cerca de 18 mil pessoas.

Tivemos problemas, na semana passada, nos últimos 15 dias, com os PSFs. Vocês estão acompanhando pela mídia que eles estão trocando a empresa que gerencia os PSFs, que era a Sollus, que está saindo, e já estão assinando os contratos, começaram na semana passada, com o Instituto de Cardiologia. Mesmo assim, das nossas 12 equipes de PSFs da região, só três fecharam as portas; as outras estavam de portas abertas, trabalhando.

Sobre a regionalização, eu preciso falar alguma coisa. Assim como nós temos as escolas que dividem o território para atender os seus estudantes, nós também temos de ter uma organização na Saúde. Com os postos, os PSFs, a gente divide a região, e aquela UBS, aquele Programa de Saúde da Família, vai atender aquela população. Tem gente que vai ficar de frente para o posto; agora, tem gente no limite, que vai ficar mais adiante, um pouco mais longe por uma questão de território, mas, dentro do possível, quando fazem a reivindicação de trocar de um posto para outro, nós temos analisado; trocamos quando há problemas pontuais de saúde naquela família; por exemplo, acamados, inválidos, doença muito grave, que precise de um melhor atendimento ou de um curativo, alguma coisa nesse sentido, a gente até troca para um mais perto. Mas há essa organização.

Posto de Saúde - e é muito importante que vocês tenham isso em mente - chama-se Atenção Básica de Saúde. O posto de saúde, o UBS ou Programa de Saúde da Família, não tem condições de atender a uma urgência dentro do posto. Há coisas crônicas, por exemplo, um hipertenso é atendido no posto, quando ele está bem, está controlado, fazendo exames e assistido; se ele tiver um infarto, que é uma complicação do hipertenso, ele não vai ser atendido do infarto no posto. Ele tem de ser atendido num hospital, mesmo porque o enfartado tem de ir para uma UTI nem que seja 24h, se foi um pequeno infarto, mas tem que ir. No caso de uma diabete, a pessoa está controlada, está cuidando no posto. Bom, se ela descompensar da diabete, e o açúcar dela for para 500, 600, ela tem risco de entrar em coma, isso não é para o posto atender, e isso exige um nível maior de atendimento, que aí ele vai ser referenciado para um hospital, onde ele precisa de um maior equipamento.

E, finalmente, eu quero conversar com vocês e dizer que eu, quando entrei como Gerente Distrital aqui, e também a minha antecessora, nós temos muita preocupação e damos importância para os conselhos locais de saúde. Nós temos o Conselho Distrital da Norte e o Conselho Distrital da Eixo, e sempre há representante da Gerência nessas reuniões do Conselho. Se eu não for, vai a minha assessora, Fátima, ou algum outro representante da Gerência, mas nós nunca deixamos de ir às reuniões do Conselho Distrital, e temos lutado muito nesta Região para criar os Conselhos locais, que é aquele pessoal da comunidade, que está dentro do posto, que está ajudando no andamento do posto, na sua organização, na sua rotina, em relação à comunidade.

Por exemplo, só para citar: a Ramos é uma Unidade que está há muitos anos tentando constituir um conselho local, e não conseguia; agora, este ano, a Ramos conseguiu constituir um conselho local - a Dona Augusta está aqui representando -, e o Conselho local tem ido, claro, sempre nas distritais, que é outra instância, no caso de vocês, da região Norte.

Eu acho muito importantes essas colocações, e gostaria que vocês soubessem, só para complementar, alguns dados que estão um pouquinho falhos. A UBS Santa Rosa não tinha só dois clínicos; a UBS Santa Rosa tinha três clínicos até 2008. Em 2008, eu convidei a Dra Rejane para ir para a UBS Elizabeth, porque estava faltando um clínico, e ela aceitou, ficando a Santa Rosa com dois clínicos. O problema da Santa Rosa é a falta de “gineco”, porque a doutora se aposentou, a Ginecologista. Então, um dos clínicos, da Santa Rosa, que é geral, comunitário, está ajudando na clínica. Então, a agenda dela é tanto para Clínica quanto para “gineco”, mas ela é Clínica. Então, a Santa Rosa tem, no momento, dois clínicos, e o nosso problema é o “gineco”.

E quanto à UBS Ramos, a Ramos tem dois clínicos, só que, infelizmente, estão doentes por problema da gripe, que aconteceu agora de um mês para cá. Uma das médicas é gestante, e teve que ser afastada, e a outra médica, a Dra Maria de Fátima, tem problemas de saúde e não poderia ficar no posto com esse problema da gripe. Atualmente quem está atendendo na Ramos sou eu mesma, tentando resolver alguns problemas pontuais, inclusive as receitas contínuas de remédios controlados. Mas claro, eu só estou tentando dirimir o problema. Nós estamos tentando resolver, como a Brizabel já comentou.

Muito obrigada pelo espaço, e espero sempre encontrá-los nas nossas instâncias locais e distritais.

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

A SRA. ÂNGELA REGINA NUNES: A Unidade Santa Rosa tem o Doutor, Clínico, Gustavo, que também é Coordenador da Unidade, e tem a Dra Márcia, Médica-Geral Comunitária, que entrou no concurso como Médica-Geral Comunitária. Está?

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

A SRA. ÂNGELA REGINA NUNES: Uma informação: o Dr. Gustavo está tirando 15 dias de férias, a partir de segunda-feira. Só um pouquinho. Vou esclarecer: o Dr. Gustavo está tirando 15 dias de férias, a partir de segunda-feira. A Dra Márcia, que passou no concurso da Prefeitura, como Clínica, e que está nos ajudando com a agenda, um pouco de “gineco”, porque nós não temos lá, vai fazer mais a agenda de Clínico, nesse momento. E eu vou referenciar alguns problemas de “gineco”, de obstetrícia, para outras unidades, para que ela possa atender mais clínica nesse momento em que o Dr. Gustavo está de férias. Mas há uma previsão rápida de que vai entrar, como já foi dito há algum tempo, um “gineco” nesta Unidade Santa Rosa, que é uma prioridade, e aí a Dra Márcia vai voltar a fazer Clínica, porque ela é concursada pelo Município, como Médica-Geral Comunitária, Clínica, então.

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

A SRA. ÂNGELA REGINA NUNES: Eu não posso dar essa resposta. Não sei se a Brizabel pode. Muito obrigada pelo espaço.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito obrigado, Dra Ângela. Eu consulto se tem aqui algum outro membro do Governo que deseje usar a palavra. Só peço, em razão do tempo, que sejamos bastante objetivos.

 

O SR. PAULO RENATO ARDENGHI: Quero saudar a Mesa, o Presidente da Câmara; elogiar vocês, eu acho que já vai ser um pouco repetitivo. Só vou trazer algumas questões que foram levantadas com relação à educação. Eu fui informado de que, aqui na Região, nós não temos necessidade de vagas nas EMEFs. Não sei se alguém tem alguma coisa a colocar nesse sentido, mas trago a informação da construção da EMEF do Bosque, que vai aliviar um pouco a demanda de vagas aqui da Região, e a ampliação da Escola Migrantes, que hoje é P e vai passar para G.

Com relação ao acompanhamento nutricional, eu também informo que as creches conveniadas que estabelecem o convênio conosco possuem Assessores Nutricionais, sim, dois assessores para cada região, perfeito? Isso consta no Convênio, e a Prefeitura tem cumprido, rigorosamente, com a questão nutricional e com o repasse do kit alimentação. Então eu acho que foi mais ou menos isso.

No sentido também da política pedagógica da SMED, cada microrregião tem o seu Assessor Pedagógico; as EMEIs também, as creches conveniadas também. Então, eu só trago esse relato e coloco a SMED à disposição de vocês; para o que precisarem, nós estaremos lá com toda a nossa assessoria. Está certo? Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito bem. Há mais alguém que queira usar da palavra?

A Verª Maria Celeste está com a palavra para um encaminhamento.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Presidente, eu queria encaminhar e dizer para a Dra Ângela que, lamentavelmente, doutora, essa resposta foi data em 2008, na Audiência que nós tivemos na Comissão de Saúde, e que, nos próximos quinze, vinte dias, a Saúde estaria resolvendo o problema da falta de Médico, e o que a gente sabe é que tudo continua na mesma situação, e agora, pelo jeito, tem meio médico, nenhum inteiro, meio médico até 15 de outubro, e, depois, não haverá mais nenhum. Então, eu acho que nós temos de encaminhar aqui, Presidente. Eu gostei muito da fala da Brizabel, e acho que nós agora encontramos um ponto na Secretaria de Saúde que talvez nos ajude, porque, até então, o Secretário não quis saber da Santa Rosa. Há uma dificuldade enorme para o Secretário nos atender.

Eu queria encaminhar para que, nesta semana, pudéssemos ter uma reunião emergencial para tratar, especificamente, da UBS Santa Rosa e da UBS Ramos. Acho que este encaminhamento tem de sair daqui, porque não é possível nós ficarmos esperando, para daqui a 15 ou 20 dias, uma posição do Secretário; nós queremos esta semana, e eu gostaria que a senhora pudesse informar a Câmara Municipal sobre essa reunião, e a gente informaria a Associação e a comunidade para estarem presentes também. Está bom? Esse é o meu encaminhamento, Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Algumas rápidas considerações. Primeiro, nós consideramos especialíssimas essas audiências, porque, muitas vezes, a população não tem nem tempo nem, às vezes, dinheiro para pegar um ônibus e ir à Câmara de Vereadores. E é o nosso dever de estar aqui; não há nenhuma obrigação nem de um lado e nem do outro, mas eu quero fazer algumas reflexões com vocês. Eu sou de uma cepa política, e creio aqui que todos são, de que a democracia não começa só com o voto e não termina com o voto; o eleitor tem de votar, mas tem de participar da sua Cidade, do seu Estado e do seu País. Ninguém deve dar procuração no escuro para político; nós temos é que participar. Os eleitores, às vezes, votam em alguém, e, dois dias depois, não sabem em quem votaram, pegam um “santinho” na rua e votam num sujeito que tem um discurso bonito, ou porque foi no galeto ontem, e depois, quer cobrar. Olha, aqui! Nenhum que está lá chegou por Sedex. Ninguém caiu do céu. Uns tiveram campanhas mais caras; outros menos, mas todos chegaram pelo voto do povo, e, pelo que eu saiba, as urnas não foram fraudadas! Então vamos “devagar com esse andor, porque o santo é de barro”. Tem problema do lado de cá e tem problema do lado de lá, mas o caminho da roça não é voltar à ditadura, é qualificar a democracia. Por isso o Brasil precisa produzir uma reforma política que aproxime. Eu, por exemplo, acho que o voto distrital, eu estou convencido de que ele é melhor do que esse voto, porque todo o mundo quer representar Belém Novo, Rubem Berta, Santa Rosa, Sarandi. Se você tivesse o voto distrital, você poderia fazer uma eleição majoritária, e aquele que é o mais votado vai representar na Câmara, e, se não fizer bem, a população não o reelege.

Hoje, o que acontece é o seguinte: o cara mente, às vezes, na Zona Sul e, depois lá não tem mais voto; mente aqui; depois mente lá. E assim, como dizia o meu Jayme Caetano Braun, quem mente todos os dias acaba ficando sem vergonha.

Então,eu quero dizer para vocês que o papel de Vereador não é de ser governo ou de ser oposição, é de ser Vereador da Cidade. E eu sou o primeiro a reconhecer, como Presidente da Câmara, que tem problema na Saúde. Não dá para culpar o Eliseu, colocá-lo lá no pau de arara. Não. Não é assim. O Governo é o Governo; agora nós temos de unir força. Eu quero pedir, Brizabel - e eu te conheço, nós te conhecemos e gostamos muito de ti -, que você diga ao Prefeito Eliseu, ao Vice-Prefeito, ao Secretário, que ele marque, porque, para nós, não há agenda mais importante, a partir de agora, do que encontrar com o Secretário! Se ele disser que será amanhã, nós vamos nos reunir com ele amanhã. (Palmas.) Se ele disser que é segunda-feira, é segunda-feira. E nós vamos ajudar encontrar a solução. Ele me ligou na quinta-feira dizendo que tem um Projeto, do qual a senhora falou, que ele quer aprovar na Câmara. O caminho para aprovar na Câmara é o diálogo, Secretário. Sem diálogo, não tem aprovação! O senhor vem aqui conversar com os Líderes na quarta-feira às 11h - está marcado -, e o senhor tenha certeza absoluta de que o senhor pode ter aliado e pode ter opositor, mas aqui eu não conheço ninguém, que seja Vereador, que não goste desta Cidade, e, se é bom para a Cidade, nós vamos aprovar.

Se o problema da Santa Rosa for resolvido com o Projeto que ele quer aprovar, nós vamos aprovar é na segunda-feira; não vamos esperar nem a quarta-feira! Mas nós vamos casar essa aprovação com essas questões aqui. Nós sabemos que há problemas em todos os bairros, mas aqui, essa coisa vem de longe. Esta coisa vem de longe! Vocês são cidadãos, não adianta eu transferir responsabilidade! É verdade que os Municípios têm pouco recursos, é verdade, no Brasil inteiro, mas ninguém chegou lá não querendo. Quem chegou a Prefeito chegou porque quis ser Prefeito! Quem chegou a Vereador chegou porque quis ser Vereador! Então, não tem que reclamar de ser Prefeito, nem reclamar de ser Vereador; ninguém é Secretário também por obrigação. Se é Secretário, tem que responder! E o papel do Legislativo não é este papel de produzir essas leis imbecis que nada resolvem. Quanto mais corrupto um país, mas leis tem, porque, para bom-senso, não precisa de lei. Ou precisa de lei, Adelino, para bom-senso? Não precisa! Os países mais desenvolvidos têm menos leis, porque as pessoas respeitam, porque não precisa haver lei para a Saúde, porque o direito à vida está acima de qualquer lei! Esta Constituição brasileira deu direitos, mas ela não dá acesso às pessoas; as pessoas têm direito a um advogado para buscar uma pensão, para buscar uma aposentadoria, mas, quando batem na Defensoria, não há nenhum advogado para atender!

Que beleza o Sistema Único de Saúde! Todos têm direito, o branco, o desdentado, o velho, a criança! Mas, se eles forem ao posto, têm que comprar ficha. Que coisa! Isso é um absurdo! Eu não aceitava isso quando era Vereador, e era do Governo da Frente Popular, e não aceito isso quando pertenço a este Governo! Isto é indecente, alguém tirar o dinheiro do pão para comprar uma ficha! Isso não está correto, não podemos aceitar isso!

Esta Comissão de Saúde tem que ir lá para a porta deste posto, levar a TVCâmara junto, levar a imprensa junto, por quê? Porque chega a um ponto em que... Aí, cá para nós, a nossa Zero Hora está de costa para a Cidade; tudo que a Câmara faz, que produz, o Diário Gaúcho deveria estar aqui para cobrir, mas não vem, não vem! Então tem que mudar essa relação também. Os meios de comunicação têm que ter responsabilidade social.

Por isso, Brizabel, nós vamos aguardar. Na quarta-feira, o Eliseu está lá, e eu não saio daqui descrente, não! Eu não saio daqui achando que foi só uma falação, não! A democracia é isto, os senhores falaram, nós ouvimos, muitos não gostaram. Isso é da democracia que nós ajudamos a construir, que é um valor enorme, Dona Elvira, eleger o seu conselheiro tutelar, o seu presidente da Associação, os seus Vereadores.

Agora, nós todos temos que cobrar um pouco mais uns dos outros - isso tem que ser uma mão de duas vias. Bravateiro não é corajoso. Tem gente que grita muito e produz pouco, isso na nossa comunidade, no nosso bairro. E tem um clube que continua aumentando o número de filiados, que é o “transferidor de responsabilidade”, tudo é sempre com os outros, nunca é comigo, sempre é com o vizinho que não presta, sempre é ele que bota o lixo na rua, nunca sou eu; o meu filho é o melhor do mundo, não bebe, não corre, não usa droga. Então, vamos botar a mão na consciência, se olhar no espelho e dizer o seguinte: nós só vamos melhorar a política no dia em que melhorarmos a sociedade. Os políticos não são meteoros; eles saem da sociedade. Agora, se as pessoas de bem se afastarem da política, os vigaristas vão tomar conta, porque não há espaço vazio em nenhum lugar do mundo. Os homens, no sentido lato sensu, têm que participar da vida política da sua Cidade.

Com isso, encerramos esta Audiência, e vamos comunicar o Presidente. Quero cumprimentar o senhor, a sua comunidade. Essa Audiência só não saiu antes, porque nós estávamos no auge da questão da gripe, e entendemos de suspender. Quero dizer que, precisando de outra audiência, em outra comunidade, para aqueles que não são daqui, a Câmara marca com muito prazer, com muito prazer, no sábado, no domingo, de noite, na hora em que as pessoas possam se reunir. Quero cumprimentar cada um dos meus colegas, os que estão aqui e os que saíram, e dizer que me orgulho muito de presidir uma Casa que tem homens e mulheres de valor, com as nossas diferenças, porque a diferença tem que ser para qualificar. Você não briga com quem você não gosta, porque o desprezo é a pior coisa que tem. A briga, quando é respeitosa, é boa. Nós podemos divergir, muitas vezes, mas todos com o desejo de acertar e de fazer uma cidade melhor - é isso que vejo no dia a dia. Então, quero cumprimentar cada um, cumprimentar os funcionários, a Valeska, o Luiz Afonso, a Vera Anita, todos os parceiros aqui do nosso Brasil, todos vocês que ajudaram nesta Audiência, e quero, mais uma vez, agradecer o Governo Fogaça, que tem respondido, Bichinho, às chamadas. Quando começamos as audiências, vi, estavam um pouco distante, não iam; hoje acho que compreenderam, até porque há setores do Governo que deveriam se reunir mais com a população, e por aí não têm se reunido. Talvez a Câmara esteja ocupando um espaço, porque há setores que não têm se reunido com a comunidade. Não basta ir ao OP. Quando o Prefeito vai, todos os Secretários vão lá, mas, depois, não voltam. Isso está errado, Toni! V. Exª esteve lá; a Governança Local tem que se reunir mais, tem que dar consecução às coisas. A Câmara está fazendo o seu papel, que é de contribuir, não é contra ninguém, estamos aqui a favor da Cidade, a favor do povo. Muito obrigado, e está encerrada a Audiência.

Nada mais havendo a tratar, encerro os trabalhos da presente Audiência Pública.

 

(Encerra-se a Audiência Pública às 16h40min.)

 

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